Como criar anta

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A finalidade básica da criação é a ornamentação – o comércio para abate ainda é incipiente

 

Ao contrário da expressão popular que a associa a uma pessoa pouco inteligente, a anta, quando domesticada, aprende fácil – característica que favorece seu manejo em cativeiro. Essa habilidade, aliada à aparência exótica, que mistura corpo de porco com orelhas de cavalo, narina longa e flexível, como uma tromba atrofiada de elefante, e cascos de boi com número ímpar de dedos, faz da espécie nativa um atraente animal para fins ornamentais.

Criadouros conservacionistas, hotéis fazendas, resorts e turismo rural estão entre os estabelecimentos que se interessam pelo quadrúpede de coloração marrom-acinzentada. Além de vender exemplares vivos para o mercado interno, o produtor também pode aproveitar o interesse de zoológicos e parques de fauna estrangeiros para comercializar o curioso e diferente animal, que simboliza a biodiversidade da fauna brasileira. Indígenas como os da etnia kaiapó, na Aldeia Baú, no Pará, têm a anta como bicho de estimação.

Apesar dos benefícios da carne e da utilidade do couro da anta, ainda não há por aqui um mercado estabelecido para esses produtos, devido ao baixo número de criadores, o que tende a mudar com a difusão da atividade. Se houvesse comércio, produtores estimam em R$ 50 o preço do quilo vivo do animal pago na fazenda.

Maior mamífero terrestre do país, alcançando até 1,20 metro de altura, dois metros de comprimento e 300 quilos de peso, a anta (Tapirus terrestris) faz parte da família Tapiridae. Também chamada de tapir, tem sua origem na América do Sul, mais especificamente na região que inclui a faixa formada do leste da Colômbia ao norte da Argentina.

Na natureza, gosta de viver em florestas úmidas e em áreas de Cerrado denso, próximo a rios (quando aproveita para tomar banhos de água e lama para se livrar de carrapatos, moscas e outros parasitas). Ótima nadadora, a anta, se assustada, chega a saltar na água ou a correr para regiões de mata mais fechada. Por onde passa galopando, derruba pequenas árvores, mas tem agilidade para vencer terrenos íngremes.

Herbívora, a anta se alimenta de folhas, frutos, vegetação aquática, brotos, gravetos, grama e caules. Pode ficar até dez horas em busca de forragens para comer e, inclusive, ser encontrada se alimentando em plantações de cana-de-açúcar, arroz, milho, mandioca, cacau e melão.

Dotado de micro-organismos, o aparelho digestivo da anta tem capacidade para digerir vários tipos de alimentos e de diversas texturas. O processo metabólico do animal ainda permite, por meio de suas fezes, a dispersão natural de sementes pelo terreno, tornando fértil o solo por onde passa.

MÃOS À OBRA
>>> INÍCIO 
A criação de anta demanda pouca mão de obra. Um tratador dá conta do trabalho, que inclui vistoria do recinto, limpeza e alimentação. A atividade pode ser iniciada com um casal. É necessário solicitar autorização ao Ibama, pois trata-se de um animal da fauna silvestre nacional. Com o registro do órgão, há a possibilidade de receber, sem custos, animais dos centros de triagem do Ibama, excedentes de outros criadores e zoológicos.
>>> AMBIENTE É preciso recriar no local de manejo as condições naturais em que o animal vive, como aguada e vegetação densa para abrigo. Solicite projeto técnico de profissional com experiência em criação de animais silvestres.
>>> INSTALAÇÕES Com área de pasto ou não, o local deve ser coberto por mato, capoeira ou cerrado. Construa um piquete de, no mínimo, 2.500 metros quadrados, espaço suficiente para um macho e até duas fêmeas. Cerque o local com telas de dois metros de altura, com portões de metal, tranca e cadeado. Dentro, faça um brete de 12 por 6 metros, com cocho, área de contenção e manobra, e construa um açude de pelo menos 200 metros quadrados. Use as mesmas medidas para montar um piquete de recria ou crescimento, para o período após o desmame dos filhotes.
>>> CONSÓRCIOS Emas, veados e capivaras podem ser criados no mesmo ambiente das antas, apenas devem contar com mais espaço. Como a anta é herbívora e suas fezes beneficiam a piscicultura, peixes também podem dividir o tanque com o mamífero.
>>> CUIDADOS Embora a anta seja um animal de fácil criação e reprodução em cativeiro – e tenha características rústicas e resistência a doenças –, ela exige alguns cuidados. Em três repetições ao ano, aplique medicamentos em pasta na anta, os mesmos usados para equinos para o controle de endoparasitas e ectoparasitas. Também devem ser limpos semanalmente bretes de manejo, cochos e bebedouros. Evite a presença de cães no entorno do criadouro para não estressar a anta.
>>> ALIMENTAÇÃO Para alimentar a anta, forneça forragens, como capim-elefante e feno, pastagens, cana-de-açúcar e frutas diversas. O animal ainda come ração comercial e sal mineral para equinos. No bebedouro, não deve faltar água de boa qualidade.
>>> REPRODUÇÃO A época de reprodução é anunciada pelos sons emitidos pela anta quando está a procura de um parceiro. São 13 meses o tempo de gestação que uma anta leva para parir apenas um filhote. Ao nascer, possui pelagem marrom com manchas e listras horizontais brancas e amarelas que duram até os cinco meses. Após dez a 11 meses, ocorre o desmame, e a maturidade sexual chega aos 3 anos.

RAIO X
>>> CRIAÇÃO MÍNIMA: 
um casal
>>> CUSTO: cada exemplar pode chegar a US$ 6 mil
>>> RETORNO: dois anos e meio
>>> REPRODUÇÃO: um filhote por ano

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