Trabalhadores cogitam greve caso Covid-19 não seja contida nos frigoríficos brasileiros

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Sindicatos lançam campanha internacional alertando para riscos e estimam que até 25% dos mais de 500 mil profissionais do setor já foram contaminados

Com um índice de contaminação estimado em até 25% dos mais de 500 mil trabalhadores de frigoríficos no Brasil, sindicatos de classe afirmaram nesta terça-feira (18/8) que não descartam entrar em greve caso não sejam adotadas medidas efetivas para reduzir a transmissão da Covid-19 na indústria de proteína animal.

Para denunciar o aumento dos casos de coronavírus entre trabalhadores de frigoríficos no Brasil, uma campanha internacional foi lançada por Confederação Nacional dos Trabalhadores da Alimentação (CNTA) e Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Alimentação da Central Única dos Trabalhadores (Contac CUT), em conjunto com a União Internacional do Trabalhadores da Alimentação (UITA)

“Não é esse nosso desejo. Queremos mesmo é buscar o diálogo, com entendimento para uma produção sustentável dentro da situação anormal que vivemos. Mas se os frigoríficos continuarem irredutíveis, radicais e não quererem abrir uma negociação, essa possibilidade de paralisação não está descartada”, afirmou Artur Bueno de Camargo, presidente da CNTA.

“É triste que três organizações sindicais tenham que fazer uma campanha global para pedir respeito aos direitos humanos”, lamentou o secretário geral da UITA para a América Latina, Gerardo Iglesias.

Com o mote “A carne mais barata do frigorífico é a do trabalhador”, as peças serão distribuídas às federações e centrais de trabalhadores para serem veiculadas dentro e fora dos frigoríficos. “Através dessa estratégia, a gente consegue chegar desde o grande até o município pequenininho”, explica Fernando Waschburger, publicitário responsável pela campanha.

Campanha contra Covid em frigoríficos (Foto: CNTA/Divulgação)
(Foto: CNTA/Divulgação)

Entre as principais medidas defendidas pelos trabalhadores, está a redução da jornada de trabalho com aumento do número de escalas. Desse modo, as empresas reduziriam o ritmo de produção, ampliando o tempo de operação, garantindo maior distanciamento dentro das unidades.

“Isso demandaria um custo um pouco maior, sim, mas todo mundo está passando por uma situação anormal. Por que é que os frigoríficos querem continuar como se estivessem em uma situação normal?”, questiona o presidente da CNTA, ao relatar dificuldades para negociar com parte das empresas do setor.

“Tem gente se apropriando da crise para ganhar dinheiro em detrimento da saúde do trabalhador. Não podemos generalizar porque não são todos iguais, mas tem outras que não”, ressaltou o presidente da Contac CUT, Nelson Morelli.

Segundo Morelli, há casos em que os trabalhadore são obrigados a passar até cinco dias usando a mesma máscara, o que contraria as recomendações do Ministério da Saúde de troca do equipamento a cada duas horas.

“Acredito que nós vamos ter que, realmente, intensificar nossa campanha para que governo e donos de frigoríficos possam, pelo menos, abrir um canal de negociação para buscarmos alternativas seguras para os trabalhadores”, completa Camargo.

 

 

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