Como criar patinga

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Com boa demanda para povoar lagos e tanques de pesque pague, o peixe, apelidado de pacu light, tem grande potencial de mercado.

Criador de patinga tem endereço certo para vender sua produção e garantir o retorno do investimento empregado na piscicultura. O temperamento valente do peixe é ideal para povoar tanques e lagos de pesque pague, estabelecimentos onde a população da espécie está concentrada no mercado nacional e que pagam bem pelo milheiro.

No Estado de São Paulo, produtores de patinga recebem a partir de R$ 6,50 o quilo, preço que sobe para R$ 8 em outras regiões. O peixe já pode ser comercializado pelo piscicultor quando atinge peso de 1,5 quilo, o que ocorre em um ano e meio de cultivo, tempo que diminui em criações instaladas em locais com temperatura elevada. Também de acordo com a quantidade de renovação da água ou o uso de aeradores nas instalações, a produção pode partir de 15.000 quilos, de uma criação inicial de 10 mil alevinos, em uma área alagada de cerca de 20.000 metros quadrados.

Característica que nos peixes é vista como um desafio para os praticantes de pesca esportiva, a valentia da patinga é herança do briguento pacu (Piaractus mesopotamicus). De origem híbrida, a patinga é fruto do cruzamento da fêmea do pacu com o macho da pirapitinga (Piaractus brachypomus) da Bacia Amazônica, do qual preservou a reação arisca a qualquer movimento que ocorre ao seu redor.

A combinação de genes de espécies diferentes também resultou em outras vantagens ao cultivo comercial da patinga para mercados em potencial. Ainda não popularizada entre os brasileiros, a carne do peixe é um produto da criação que pode conquistar muitos consumidores atentos a uma alimentação saudável. Com menos gordura que seu progenitor, o peixe chega a ser apelidado de pacu light. Grelhada, assada ou frita, a carne é saborosa e rende bastante para servir nas refeições.

De cor prateada e rabo vermelho, a patinga ainda tem aparência bonita para ser usada como ornamentação de lagos e espelhos d’água em propriedades rurais, hotéis, pousadas e parques. Combinado aos tons da pele, o formato fino e redondo do peixe embeleza diferentes ambientes aquáticos.

Com bom perfil para ser manejado fora de seu hábitat natural, a patinga adapta-se facilmente à rotina de criação, meio adequado de contenção para preservação do animal. Onívora como o pacu, come diferentes alimentos em cativeiro, desde frutos, rações e minhocas até pedaços de outros peixes, crustáceos e algas, diversidade que facilita o trabalho do produtor para realizar a engorda em criatórios. Existem exemplares que superam o peso de 8 quilos ao longo da vida.

Muito parecidos, a patinga e o pacu também têm alguns aspectos que os diferenciam visualmente. Menor em tamanho, o peixe híbrido tem a barriga mais larga e de coloração vermelha, enquanto a do pacu é mais amarelada e afinada.

Mãos à obra

>>> INÍCIO Peixe híbrido, a patinga depende de técnicas adequadas para reproduzir. Por isso, para criadores principiantes ou com pouca experiência, é recomendado adquirir peixes de estabelecimentos idôneos e com referência. Em geral, no mesmo local podem ser levantadas mais informações sobre o manejo do peixe. Técnicos e outros profissionais de entidades e instituições são fontes importantes de consulta sobre como lidar com a criação.

>>> AMBIENTE Gosta de clima quente, já que é um peixe híbrido de espécies oriundas da região amazônica. Qualidade e controle da água, de preferência de nascente própria, são importantes para o sucesso da atividade. Vale lembrar, contudo, que a densidade ou quantidade de peixes estocados deve ser respeitada, com o objetivo de não deteriorar o meio aquático, devido ao fornecimento elevado de ração e aos excrementos eliminados pelos peixes.

>>> ESTRUTURA Melhor se contar com algum ambiente aquático na propriedade, para reduzir o investimento inicial na atividade. Pode ser um lago ou açude. Como é resultado de um processo artificial de hibridação, o correto é evitar que a patinga tenha acesso a rios, por não se saber os possíveis riscos biológicos que pode causar na natureza. Se for o caso, utilize tanques escavados na terra em formato retangular e revestidos de alvenaria, fibra ou chapa galvanizada. Instale um sistema diário de renovação de água, um monge no fundo para controle da vazão e um canal para abastecimento. A opção, no entanto, tem custo e exige documentação.

>>> CUIDADOS Acompanhamento de profissional especializado ajuda a minimizar riscos do manejo. Adote redes de proteção contra predadores (pássaros, por exemplo) nos viveiros com alevinos.

>>> ALIMENTAÇÃO Pode ser variada, pois a patinga não tem restrições. Peixe onívoro, come tanto frutos quanto rações, além de pedaços de peixes, crustáceos, algas e minhocas. O fornecimento de alimentos industrializados deve ser a ração balanceada, produto à venda no varejo especializado para criação de animais, sobretudo em aquicultura.

>>> REPRODUÇÃO É realizada por meio de indução hormonal, pois, confinado, o casal de patinga não realiza o acasalamento naturalmente. Horas depois de injetadas substâncias nos peixes, para acelerar o amadurecimento das gônadas, é feita a extração do sêmen dos machos e dos óvulos das fêmeas. Dadas as várias peculiaridades do processo, só profissionais devem fazê-lo.

Raio x

Criação mínima: 10 mil alevinos para que seja economicamente viável
Custo: R$ 250 é o preço médio do milheiro na Região Sudeste
Retorno: vendas começam após 18 meses de cultivo, quando os peixes atingem 1,5 quilo
Reprodução: por indução

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