Como criar carpa-capim

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Consumidor voraz de plantas, o peixe é hábil na limpeza de lagos e açudes, além de oferecer carne saborosa ao gosto do brasileiro.

apetite por vegetais verdes rendeu a uma das variedades de carpas, grupo que ocupa o quarto maior volume de peixes da aquicultura nacional, segundo dados de 2015 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o nome popular de carpa-capim (Ctenopharyngodon idella). E por ser um peixe comilão, com consumo diário que pode atingir de 30% até 90% do seu peso corporal, tem procura garantida para o controle de excesso de plantas em ambientes aquáticos.

Em países europeus, o emprego de carpa-capim na manutenção de canais de irrigação e reservatórios tem registrado bons resultados. O auxílio do peixe tem potencial para reduzir pela metade os custos da limpeza de plantas aquáticas invasoras em comparação à adoção de produtos químicos, como os herbicidas. Mas a prática exige análise e planejamento, pois há também casos em que a introdução do peixe tornou-se uma praga, prejudicando o desenvolvimento da vegetação natural local.

Além do hábito alimentar, outras características da carpa-capim contribuem para que seja considerada uma opção lucrativa de peixe para iniciar a atividade de piscicultura. Rústico, fácil de cultivo e fornecedor de carne com sabor que agrada os brasileiros, reúne apelos para o manejo e comércio de qualquer criação. Desde que foi introduzida aqui, no início da década de 1960, destacou-se para povoar lagos em estabelecimentos de pesque-pague.

“A alta capacidade para digerir alimentos é facilitada pelo seu extenso tubo digestivo, que atinge de duas a três vezes o tamanho do corpo”

Da família Cyprinidae, a carpa-capim pode chegar a 50 quilos de peso e a 1,5 metro de comprimento. Tem corpo alongado, dentes faríngeos em forma de pente e olhos pequenos, ligeiramente voltados para baixo. A alta capacidade para digerir alimentos é facilitada pelo seu extenso tubo digestivo, que atinge de duas a três vezes o tamanho do corpo.

A carpa-capim alimenta-se de uma enorme variedade de vegetação aquática submersa, detritos, insetos e outros invertebrados. Gosta muito ainda da parte macia das plantas, como os brotos e folhas jovens que aparecem na superfície da água. Gramas e capim não seco também fazem parte da refeição do peixe.

Em sistemas intensivos e semi-intensivos, contudo, somente a forragem não é o bastante para o bom crescimento da carpa-capim. Em viveiros escavados na terra ou em tanques-rede, necessita-se de suplementação com raçãopeletizada ou extruzada, que podem ser preparadas com gramíneas como o capim-elefante e a alfafa.

No hábitat natural, a carpa-capim é encontrada em lagos e rios extensos. Porém, prefere grandes lagoas, com pouca renovação de água e plantas aquáticas. Como desova em rios com correnteza e fundo rochoso, em cativeiro deve ser submetida à indução artificial realizada em laboratório a partir dos três anos de idade, quando atinge a maturidade sexual.

Mãos à obra

>>> INÍCIO Um técnico especializado pode ajudar na definição do objetivo da criação, de acordo com as condições da propriedade. Com lago ou açude já existente, as carpas podem ser empregadas no controle de vegetação invasora. Outras opções são os tanques-rede ou viveiros para a produção no sistema semi-intensivo. Prefira adquirir alevinos com, pelo menos, 10 centímetros, pois a mortalidade tende a ser menor.

>>> AMBIENTE Natural, com vegetação nas margens e águas com 1 a 2 metros de profundidade. A temperatura ideal para o crescimento da carpa capim é de 24 ºC, embora o peixe seja tolerante a grande variação de temperatura, além de salinidades da água e baixos teores de oxigênio dissolvido.

>>> VIVEIRO Para sistema semi-intensivo, pode ser construído em solos argilosos, utilizando esgotamento total e abastecimento por canaletas a céu aberto, com transporte de água por gravidade na quantidade diária equivalente a 10% do volume do tanque. Os viveiros de alevinagem devem ter entre 100 e 200 metros quadrados e os de engorda entre 2.000 e 3.000 metros quadrados. Recomenda-se densidade de um a três peixes por metro quadrado, dependendo da disponibilidade de água. No sistema extensivo, com o aproveitamento de açude presente no local, a densidade indicada é de um peixe para cada 5 a 10 metros quadrados. Os exemplares devem ter, pelo menos, 200 gramas de peso, pois se pequenos podem ser devorados por predadores.

>>> ALIMENTAÇÃO A carpa-capim gosta de diferentes vegetais, como o capim-teosinto, sementes de capim-arroz, alfafa e grama-boiadeira. Mas apenas forragem não é suficiente para atender às necessidades nutricionais da criação, sobretudo em sistemas semi-intensivos. Forneça suplementação com ração comercial balanceada, que é vendida em lojas de produtos agropecuários. A combinação de vegetais e alimento industrializado contribui para equilibrar os custos do manejo.

>>> ÁGUA Faça monitoramento da temperatura, cor e transparência, pH, oxigênio dissolvido, amônia total e amônia não ionizada. É muito importante saber se a água está em condições adequadas para a criação, principalmente nos sistemas semi-intensivo e intensivo.

>>> REPRODUÇÃO Ocorre a partir dos três anos de idade, com produção de 100 mil a 200 mil óvulos por quilo de fêmea. Os reprodutores são mantidos em viveiros e separados no início da primavera, quando são levados para o laboratório e acondicionados em caixas com água na temperatura de, pelo menos, 25 ºC para a indução hormonal. Em seguida, realizam-se a extrusão dos óvulos e sua fecundação. Os ovos são colocados em incubadoras por um período de quatro dias para, após a eclosão, as larvas serem levadas para os viveiros de larvicultura.

Raio X

Criação mínima: um milheiro

Custo: preço do milheiro de peixes entre 8 e 10 centímetros varia de R$ 400 a R$ 500

Retorno: pode ocorrer no terceiro ano em criações comerciais no sistema semi-intensivo

Reprodução: a partir do terceiro ano de vida com uso da técnica de indução hormonal realizada em laboratório.

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