Agricultores congelam pomares para proteger frutas da geada em Santa Catarina

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Sistema provoca “chuva” e cria uma lâmina de água sobre plantas para que elas congelem quando a temperatura chegar a 0°C

O uso de uma técnica para congelar os pomares tem ajudado agricultores de Santa Catarina a evitar perdas no cultivo de frutas de caroço (ameixa, pêssego e nectarina) causadas pelo frio ou geada.

André Kulkamp de Souza, gerente da Estação Experimental da Epagri em Videira (SC), explica que o investimento para implantar o controle de geada por aspersão varia de R$ 20 mil a R$ 25 mil por hectare, mas é importante para a região, pois o frio é frequente.

O sistema é constituído por aspersores que provocam uma “chuva” no pomar na iminência da geada. Quando a temperatura do ambiente chega a 1°C, com tendência de queda, é hora de o produtor ligar os aspersores.

A proposta é criar uma boa lâmina de água sobre as plantas para que elas congelem quando a temperatura chegar a 0°C. E permaneça assim até que a temperatura do ar retorne a patamares positivos.

Pomares congelados em SC (Foto: Epagri/Divulgação)
(Foto: Epagri/Divulgação)

Souza explica que os danos começam a surgir em frutos quando a temperatura chega a -1°C. No caso das flores, a temperatura mínima suportada é de até -3°C. Quando a planta está completamente congelada, ela se mantém a 0°C, independente do frio no ambiente.

Cada hectare congelado demanda cerca de 30 mil litros de água por hora de aspersão. “A água aspergida sobre a planta está numa temperatura superior ao ambiente. Assim, à medida que vai congelando, ela fornece calor para a planta, numa reação exotérmica. Mas para isso é preciso fornecer água continuamente”, explica o gerente da Epagri.

A “chuva” causada pela aspersão deve ser forte e frequente enquanto a temperatura ambiente estiver abaixo de 1°C, o que pode se estender por horas e significar uso de muita água. Por isso, a propriedade deve ter uma boa reserva de água para instalar o sistema.

“Tem produtores que gostariam de fazer, mas não têm água na propriedade” observa Alceu Assis Jose Vicente, extensionista da gerência regional da Epagri em Videira (SC). Para contornar o problema, a solução é manter açudes na propriedade.

É o caso dos irmãos Marcelo e Giovane Suzin, produtores de frutas de caroço em Videira (SC). “Nesta última geada, o sistema foi acionado durante três noites. Na primeira, funcionou sete horas. Na segunda, foram 15 e, na terceira, seis horas de funcionamento”, relata Marcelo.

Os irmãos têm 16 hectares cultivados com frutas de caroço, sete dos quais contam com sistemas de controle a geada por aspersão. Marcelo relata que a vida útil pode passar de oito anos se as manutenções forem bem feitas. “Sem contar que, salvando uma safra de uma geada indesejada, já se consegue pagar o investimento”, afirma o produtor rural.

 

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