Recebemos a seguinte pergunta do nosso leitor Allan Braga de Ribeirão Preto:
Amigos Parceiros do Celeiro Do Brasil, em Dezembro de 2017, eu comprei mudas de capim capiaçu na loja virtual João Shop , e depois de 7 meses, eu já posso fazer o primeiro corte, esta lindo o capim, e 1 hectare plantado vai me dar em média 150 toneladas de matéria verde, Porem gostaria de fazer feno deste capim, é possível? e uma outra duvida é, qual é o melhor adubo para que eu jogue neste capim pós corte?
Allan, é um prazer te atender, vamos as respostas de suas duvidas:
O feno, como está escrito na Bíblia, é um alimento ideal para os momentos de seca e, como tal, deveria fazer parte da rotina de fabricação ou armazenamento de toda fazenda no mundo tropical.
O principal problema para o alcance de índices elevados ou mesmo satisfatórios na produção animal diz respeito à disponibilidade de forragens como também o seu armazenamento para utilização nos períodos críticos do ano, em especial para os rebanhos bovinos, ovinos e caprinos, mais acentuadamente na região Nordeste do Brasil, tendo em vista a existência de uma estacionalidade na produção de alimentos para os animais, caracterizada pelo chamado “período das águas” e “período da seca”. Em quase todas as regiões do mundo a produção de forrageiras está sujeita a uma estacionalidade que, sem a prática da conservação de forragens, o êxito na atividade pecuária em muitos países estaria comprometido.
A conservação de forrageiras através da fenação é pouco praticada por produtores do Nordeste do Brasil onde a grande maioria dos pequenos criadores da região maneja seus rebanhos em pastos nativos e/ou cultivados, contando às vezes apenas com uma capineira como recurso forrageiro suplementar. Estas capineiras são geralmente mal manejadas, sendo o corte realizado quando apresenta avançado estágio de desenvolvimento, com elevada produção de forragem, mas com valor nutritivo muito baixo, pois contém altos teores de fibra, lignina e celulose, o que implica em forragem de baixa digestibilidade, além de conter baixos níveis de proteína e grande proporção de colmos em relação às folhas.
A fenação apresenta-se como alternativa para melhorar o manejo das capineiras, contribuindo para a obtenção de uma maior produtividade de matéria seca por unidade de área aliada ao alto valor nutritivo da planta, desde que sejam seguidas as recomendações técnicas, diminuindo os efeitos negativos causados pela estacionalidade na produção de forragens.
A fenação é uma prática rural muito antiga em todo o mundo, usada para conservar as forragens. É o processo de desidratação que transforma a forragem verde em feno. Feno por sua vez é o alimento volumoso obtido pela ceifa e desidratação da planta forrageira, reduzindo seu teor de umidade de 65 a 80% para 10 a 20% através de processos naturais e/ou artificiais que visam conservar ao máximo o valor nutritivo da planta.
O capim elefante (Pennisetum purpureum Schum) é uma gramínea perene, cespitosa, originária da África. Forrageira das mais importantes e mais difundida em todas as regiões tropicais e subtropicais do mundo, sendo encontrada desde o nível do mar até 2.000 m de altitude. É rústica, de fácil multiplicação, apresenta relativa resistência à seca, frio, fogo, pragas e doenças. Exigente em fertilidade vegeta bem desde solos bem drenados ou até um pouco úmidos. Trata-se de uma gramínea que proporciona bons rendimentos de matéria seca por ha/ano, com alto valor nutritivo e boa palatabilidade. Pode ser utilizada como pastagem, capineira ou para elaboração de silagem e feno.
Época para fenar
No Nordeste do Brasil a fenação pode ser realizada praticamente todo o ano, com exceção daqueles dias chuvosos no período de trovoadas e de inverno. Nestes períodos as chuvas que ocorrem não chegam a impedir a elaboração do feno, tendo, entretanto, que serem aproveitados os dias de céu aberto e quentes que ocorram, sendo imprescindível acompanhar com muita atenção às previsões meteorológicas divulgadas pelos meios de comunicação.
Vantagens da produção de feno
A produção de feno apresenta diversas vantagens como:
conserva durante meses e até anos, alimento para o rebanho;
economiza a utilização de concentrados;
aumenta a produção de forragem por área, uma vez que permite nova rebrota depois da colheita, desde que sejam cortadas na época da chuva ou realize irrigações; permite a utilização da capineira no momento em que a planta apresenta um bom rendimento de matéria seca aliado a alto valor nutritivo;
manutenção do peso animal na entressafra;
carne de melhor qualidade;
menor utilização de rações industrializadas; – aumento da lotação animal por área.
Produzindo o feno
Corte da planta – O momento ideal para o corte é aquele em que a planta apresenta elevada produção de matéria seca por unidade de área, aliada aos altos valores nutritivos. Assim, a fase de pré-floração ou mesmo no início desta, é indicada para proceder ao corte do capim. Pode-se também se basear na altura da planta em torno de 1,5 a 1,8 m. O corte poderá ser manual, empregando-se tesoura, facão, alfanje ou com o auxílio de máquinas. A altura do corte deve ser em torno de 15 a 20 cm do solo, nas primeiras horas da manhã, mesmo que a forrageira esteja com orvalho, pois ao final do dia ela estará mais seca que aquela cortada no meio da manhã, já com o orvalho evaporado.
Recomenda-se também que seja colhida apenas a quantidade suficiente para o processamento do dia, de acordo com a capacidade operacional da propriedade.
Trituração – A trituração deverá ser iniciada logo após o corte, para que se acelere a perda de umidade. Esta operação é importante para que ocorra uma desidratação uniforme, sendo recomendada máquinas de boa capacidade e eficiência, que triturem o material em pedaços de 2 a 3 cm.
Secagem – A secagem do material é uma das etapas mais importantes no processo de fenação, pois dela dependerá, em grande parte, a qualidade do produto final. Deve ser rápida e criteriosa, para que sejam mantidos todos os princípios nutritivos do material original.
A forragem triturada deve ser colocada sobre lona plástica ou área cimentada, com área suficiente para espalhar o material em camada de até 10 cm, para permitir uma desidratação uniforme e facilitar o revolvimento.
O revolvimento, ou viragem, deverá ser realizado de 4 a 5 vezes por dia, principalmente nas primeiras horas após a trituração para expor uniformemente o material aos raios solares. Recomenda-se que o produtor disponha de uma lona plástica para a proteção da forragem por ocasião do orvalho e chuvas. A secagem também poderá ser realizada em galpões cobertos e arejados. Nesse caso o ponto de feno é alcançado com maior tempo de exposição e consequentemente maior número de viragens.
O ponto de feno – No processo de fenação, a obtenção do ponto de feno é outra etapa também muito importante, pois é a que determina se a forragem está em condições de ser armazenada. O ponto de feno é alcançado quando a umidade da forragem atingir de 10 a 20% sendo que o período de desidratação para obtenção desse ponto depende das condições de temperatura, vento, umidade relativa do ar, presença de nuvens, número de viradas, entre outras.
O ponto de feno poderá ser reconhecido de várias maneiras, a saber: * Pelo tato, considerando a experiência do produtor na atividade, em observar a textura do material; * Através de aparelhos medidores de umidade;
* Através de teste: coloca-se uma porção da forragem triturada dentro de um litro de vidro transparente, juntamente com um pouco de sal finamente moído. Após agitar mais ou menos 100 vezes, vira-se o litro de boca para baixo e observa-se a situação do sal: se os cristais se aglutinarem, o material está com mais de 25 % de umidade, portanto, não está no ponto. Se os cristais se mantiverem soltos, o teor de umidade estará dentro dos limites recomendados.
Trabalho realizado pela EBDA / UFBA (2002) utilizando capim elefante, roxo, triturado, exposto à secagem exclusiva ao sol em lona plástica, no mês de outubro, na região do Recôncavo baiano, o ponto de feno foi alcançado em 21 horas de exposição, isto é, em aproximadamente 2,5 dias. Fenos produzidos pela EMPARN, com o material exposto ao sol em secadores cimentados, e utilizando-se 4 viradas por dia no mês de maio-junho na Região do Seridó no Rio Grande do Norte, foram obtidos com 2,5 a 3,0 dias de exposição.
O armazenamento do feno
Armazenamento a granel – Neste caso, o feno é levado a galpões para este fim, procedendo-se certa compactação para proporcionar uma maior densidade. Essa operação deve ser realizada em camadas de aproximadamente 30 cm de espessura, desse modo consegue-se guardar em 1 metro cúbico de 50 a 80 kg de feno caso o material seja bem pisoteado.
Em sacos – Nessa modalidade de armazenamento, o feno é colocado em sacos de polietileno ou ráfia, procedendo-se também certa compactação que poderá ser feita com os pés, para se obter maior densidade, a qual deverá ser de aproximadamente 90 a 100 kg/m3. Os sacos poderão ser armazenados em galpões arejados, ventilados, livres de umidade, ou a campo sobre estrado, coberto com lona plástica ou palhas, etc. O material ensacado ocupa menor espaço, tem melhor conservação, facilita o transporte e fornecimento, como também possibilita o controle da disponibilidade do feno.
Esse tipo de armazenamento deve ser feito aproveitando-se as construções já existentes ou construir galpões rústicos e estrados no campo, levando-se em consideração as facilidades encontradas na propriedade (disponibilidade de materiais e mão-de-obra) e o tempo que o feno deverá permanecer armazenado. O feno deve ser armazenado com teores de umidade recomendados, para evitar grandes perdas. É aconselhável realizar inspeções periódicas aos locais em que o feno esteja armazenado.
Período de armazenamento – Obedecendo-se as práticas recomendadas quanto à produção e armazenamento, o material fenado deverá permanecer em boas condições de utilização por vários meses, podendo apresentar pequenas perdas de seu valor nutritivo. Segundo trabalho de pesquisa realizado pela EBDA e UFBA, fenos de capim elefante, roxo, triturado, armazenados em sacos de polietileno por um período de 360 dias em galpão arejado, na região do Recôncavo da Bahia, apesar das alterações ocorridas na matéria seca e proteína, o material após o armazenamento apresentou características de um bom feno, isto é, coloração esverdeada, cheiro agradável, maciez e ausência de mofo.
Aditivos – Fenos armazenados com alta umidade provocam perdas da matéria seca e desenvolvimento de bactérias, fungos e leveduras. Estes fungos são prejudiciais à saúde dos animais e das pessoas que manuseiam estes fenos. Vários produtos podem ser aplicados em fenos armazenados com alta umidade como, por exemplo, a ureia que, além de controlar o crescimento de microrganismos ,melhora o teor de proteína e digestibilidade, podendo ser usada na proporção de 3 a 5 % do material a ser tratado.
Qualidades de um bom feno
A qualidade de um bom feno está ligada diretamente ao seu valor nutritivo, onde inúmeros fatores exercem influência como:
fertilidade do solo, idade da planta, técnica de fenação, duração da desidratação, desidratação uniforme das partes trituradas (colmo e folha), condições climáticas no momento da fenação, umidade do material por ocasião do armazenamento, forma de armazenamento.
Assim, um bom feno deve possuir coloração esverdeada, cheiro agradável, ser macio, livre de impurezas e elementos tóxicos, ser bem aceito pelos animais, bons teores de proteína, sais minerais e ter boa digestibilidade.
Fornecimento aos animais
O feno é um alimento volumoso, de fácil transporte e distribuição, podendo até mesmo ser fornecido aos animais no próprio campo e deverá ser colocado em cochos, nunca no chão, evitando que os animais pisem e defequem sobre ele, pois neste caso as perdas de material poderão atingir níveis elevados. A quantidade de feno a ser fornecida dependerá do arraçoamento proposto para cada categoria animal, sempre visando cobrir as necessidades nutritivas dos mesmos. Para efeito de adaptação recomenda-se iniciar o fornecimento com pequenas quantidades e ir aumentando gradativamente. Feno de qualidade inferior às vezes refugado pelos animais poderá ter a aceitabilidade aumentada com a adição de melaço, cana ou até mesmo sal.
Considerações finais
Existem diversas tecnologias coerentes com a realidade do homem do campo, com a finalidade de minimizar os efeitos provocados pela estacionalidade na produção de forragens para os rebanhos, principalmente na Região Nordeste do Brasil. Desta forma, a produção de feno de capim elefante como reserva estratégica de forragem é uma alternativa que deve ser praticada, diante das diversas vantagens apresentadas, contribuindo para convivência dos produtores rurais com as estiagens prolongadas e fixação do homem no campo.
A vantagem de se fazer o feno do capim elefante capiaçu, é que ele é mais produtivo e vai ficar um feno de alto valor proteico.
Sobre a adubação:
Após o corte é necessário fazer uma boa adubação, e nada melhor que um bom adubo que contem corretivo de solo, nutrientes e ainda hormônios vegetais, existe o adubo para capim forrageiro que vai proporcionar super produção e rendimento.
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