No Sul, aveia-preta e trigo podem fazer a soja ficar 54% mais produtiva

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Estudo da Embrapa mostra que cobrir a área com estas culturas é mais vantajoso do que deixar a terra em pousio e pode salvar a soja em tempo de estresse hídrico

Apesar das muita opções de culturas para fazer a cobertura da terra durante o outono e inverno no Sul do país, ainda há quem acredite que deixar a área em pousio seja uma boa alternativa. Um estudo realizado pela Embrapa, em conjunto com quatro universidades, mostrou que semear aveia-preta e trigo no Sul do Brasil, no período descrito, pode aumentar em 54% a produtividade da soja plantada na sequência.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Alvadi Balbinot, o desempenho da soja foi estimado a partir das variáveis: densidade de plantas; índice de área foliar; teor de clorofila, estimado pelo índice SPAD; matéria seca acumulada, produtividade de grãos e componentes do rendimento.

“Comprovamos que os efeitos das raízes da aveia-preta e do trigo mostraram-se tão importantes quanto os da cobertura de palha deixadas no solo para explicar os aumentos de produtividade de 1.467 kg por hectare, ou seja, 54% superior ao das áreas que ficaram em pousio no outono e inverno”, afirma Balbinot.

Diversificação de culturas

O estudo mostra que o sistema de plantio direto na palha apresenta benefícios econômicos e ambientais, quando comparado ao preparo convencional, principalmente quando se consegue manter a diversidade de plantas e produção de biomassa. Mesmo assim, áreas agrícolas em pousio entre duas safras de soja, de março a setembro, ainda são comuns no Brasil.

“Entendemos que os sistemas de cultivo com baixa diversidade de plantas e consequente baixa adição de biomassa são a principal causa da degradação do solo sob plantio direto”, comenta Balbinot.

Para ele, a aveia-preta tem grande capacidade de produção de matéria seca, resultando em cobertura adequada do solo sob plantio direto, alta ciclagem de nutrientes e supressão de plantas daninhas. Além disso, a espécie pode ser facilmente dessecada para o plantio das safras subsequentes.

Outra vantagem é que as raízes podem melhorar a qualidade física do solo, favorecendo a infiltração e a retenção de água e ainda a liberação de nutrientes para as safras subsequentes. Por outro lado, a palha reduz a taxa de evaporação da água no solo, os picos de aquecimento do solo, a infestação de ervas daninhas e a ocorrência de erosão do solo.

Quanto à remoção de aveia-preta ou de trigo para produção de silagem ou feno, pode reduzir os benefícios dessas culturas no rendimento subsequente da soja. “Por isso, o produtor deve considerar essas informações no processo de tomada de decisão”, diz o pesquisador da Embrapa.

O sistema de plantio direto na palha apresenta benefícios econômicos e ambientais quando comparado ao preparo convencional soja

Foto Joao Leonardo Fernandes Pires

Benefícios dessa sucessão diante da falta de água

Na safra 2017/2018, a disponibilidade de água foi adequada ao longo do ciclo de desenvolvimento da soja. Já em 2018/2019, houve déficit hídrico durante a floração e o enchimento dos grãos. Segundo o Balbinot, nesta safra, as culturas de aveia-preta e trigo beneficiaram a soja, em relação ao pousio.

“Portanto, é possível inferir que os efeitos positivos da palha e das raízes na produtividade da soja estão principalmente associados à redução do estresse hídrico observado durante o período de enchimento dos grãos. Desse ponto de vista, os efeitos positivos das raízes da aveia-preta ou do trigo na produtividade da soja ocorrem em grande parte pela melhoria da estrutura do solo”, conta o pesquisador.

Outra vantagem da retenção da palha, segundo ele, é a redução da temperatura do solo, proporcionando um melhor ambiente para o crescimento e funcionamento da raiz da soja, o que aumenta a eficiência do uso da água pela planta e rendimento de grãos.

Os autores do trabalho

A autoria é dos pesquisadores da Embrapa Soja Alvadi Antonio Balbinot Junior, Julio Cezar Franchini dos Santos e Henrique Debiasi; e dos alunos de pós-graduação Antônio Eduardo Coelho, da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Moryb Jorge Lima da Costa Sapucay, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Felipe Bratti, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e Jorge Luiz Locatelli, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

 

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