Manejo do pasto pode garantir produtividade até 1.200% maior na criação de búfalos

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Manejo do pasto pode garantir produtividade até 1.200% maior na criação de búfalos
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Manejo do pasto pode garantir produtividade até 1.200% maior na criação de búfalos

Planejar o manejo das pastagens passou a ser um bom negócio para os pecuaristas. A produtividade do rebanho pode aumentar em até 1.200%, quando se explora racionalmente o potencial das forrageiras no período das chuvas. A técnica é viável inclusive em regiões como o Centro-Oeste, onde há escassez de água.

Com a degradação das áreas de pastagens, a lotação média está em torno de meia unidade animal, por hectare, por ano, enquanto a produtividade fica na faixa de 80 quilos de peso vivo por hectare, por ano. O pesquisador Eli Schiffler, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), explica que isso é reflexo do mau uso das pastagens. Nos sistemas de pastejo rotacionado, a produção de carne é superior, chegando a 1,1 tonelada por hectare, por ano. Uma das razões é a maior taxa de lotação animal por unidade de área. “Neste sistema, coloca-se até 10 animais”, diz.

A EMBRAPA trabalha com diversos sistemas de produção, de acordo com o nível de intensificação que o produtor queira colocar em prática. Em sistema a pasto, procura-se estabelecer os períodos de pastejo e descanso do capim. O pasto é dividido, com cercas elétricas, para que o gado não invada a área de descanso, e a lotação é programada. Com 36 dias de descanso, por exemplo, o capim Tanzânia apresenta boas produções e qualidade e, assim, coloca-se um número maior de animais.

Fertilidade

O primeiro passo para iniciar a rotatividade é descobrir a fertilidade do solo e corrigi-lo, para que a pastagem possa crescer saudável. Depois, divide-se a área em piquetes. Os animais ficam em um lugar pastando (no piquete), enquanto as demais áreas descansam. O pastejo é realizado em seqüência.

Quando o gado sai, o capim é adubado. A técnica não é barata, mas Schiffler garante que há retorno financeiro, pois é possível introduzir mais bovinos ou bubalinos em cada área. “É mais barato adubar o pasto do que colocar ração concentrada no cocho para o gado”, diz. Só a adubação representa 69% do custo do sistema, que inclui maquinários, cercas, mão-de-obra, etc.

O veterinário Élcio Fernades Ministério utiliza o sistema na Fazenda Babaçu, em Ceilândia (DF). A pastagem rotacionada é usada apenas com as vacas em lactação. De um rebanho de 160 búfalos, 50 participam da rotação. Segundo ele, apesar da técnica ser antiga, nos últimos anos é que passou a ser utilizada pelos pecuaristas. O preconceito quanto ao custo da cerca elétrica seria um dos motivos apontados por Ministério para esta situação. Ele diz que o manejo pereniza a pastagem, produzindo mais alimento, com maior qualidade, além de aumentar o índice de lotação do pasto.

Entre as vantagens do sistema, está o ganho de peso do animal, que pode chegar a um quilo por dia, atingindo mais rápido o nível para o abate. A produção leiteira também aumenta em torno de 200%. No período das secas, o capim continua a produzir, com 30% de sua capacidade. No entanto, comparado com o sistema antigo, a vegetação é de melhor qualidade e ainda consegue-se uma lotação de até três animais por hectare. Mas é preciso dobrar o período de descanso do pasto durante a estiagem.

Planejamento

A alta lotação de animais obtida no período das águas exige adoção de medidas que devem ser planejadas previamente, a fim de atenuar a escassez de forragem no período seco, evitando a perda de peso dos animais. Caso contrário, todo o benefício obtido poderá ser perdido e, consequentemente resultará em prejuízos ao produtor. A lotação poderá ser reduzida com a venda de animais que já apresentaram o peso para o abate. Caso a lotação permaneça alta, pode-se usar pastagens vedadas, reservadas estrategicamente durante a seca, dar suplementação ou confinar os animais.

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