Manejo de pastagens de desmódio

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Manejo de pastagens de desmódio

O desmódio (Desmodium ovalifolium) é uma leguminosa forrageira perene, originária da Ásia. A planta é um subarbusto que atinge até um metro de altura. O caule se apresenta praticamente livre de pêlos, exceto nas extremidades, onde ocorre uma pilosidade fina e sedosa. Os nós inferiores do caule, quando em contacto com o solo, enraizam-se facilmente. As folhas são trifoliadas, com folíolos ovais, sendo o terminal maior que os laterais. As flores são púrpuras ou rosa-escuro, tornando-se azuladas após a completa abertura. Nas condições regionais floresce e frutifica entre abril e julho, caracterizando-se por uma alta produção de sementes (100 a 200 kg/ha). Introduzida no Brasil na década de 70, atualmente encontra-se disseminada nos trópicos úmidos, sendo considerada uma das leguminosas mais promissoras para a Amazônia.

Considerando-se que as pastagens na Amazônia Ocidental são, basicamente, cultivadas e constituídas por gramíneas, o desmódio surge como uma alternativa para o melhoramento destas, devido ao seu bom valor nutritivo e capacidade de incorporar expressivas quantidades de nitrogênio ao solo (100 a 160 kg/ha/ano).

Clima e solo

Seu melhor desempenho ocorre em regiões úmidas com precipitações entre 1.200 e 2.500 mm anuais. Apresenta elevada resistência à seca e ao sombreamento, porém moderada tolerância ao fogo.

O desmódio possui grande adaptação a solos de baixa fertilidade natural, sendo capaz de atingir 80% de seu rendimento máximo de forragem sob 80% de saturação de alumínio e 2 mg P/kg, além de ser tolerante ao manganês tóxico. No entanto, o crescimento pode ser incrementado pela elevação do pH através da calagem. Em solos com baixa disponibilidade de fósforo, responde marcadamente à adubação fosfatada. É uma leguminosa promíscua, nodulando intensamente com as estirpes nativas de Rhizobium, porém sua capacidade de transferência de nitrogênio ao sistema solo-planta é baixa.

Estabelecimento

Apesar do seu desenvolvimento ser, inicialmente bastante lento, uma vez estabelecido apresenta excelente vigor e alta produtividade, tornando-se muito competitivo.

O plantio deve ser realizado no início do período chuvoso (outubro/novembro). As sementes podem ser distribuídas à lanço ou em linhas (manual ou mecanicamente), à profundidade de 2,0 cm com espaçamento de 0,5 a 1,0 m entre linhas. A densidade de semeadura será de 2 a 3 kg/ha (lanço) e 1,5 a 2 kg/ha (linhas). Para a formação de pastagens consorciadas com gramíneas recomenda-se 0,5 a 1,0 kg/ha de sementes da leguminosa.

As sementes apresentam dormência mecânica. A escarificação pode ser feita por imersão em água quente (80oC por 3 a 5 minutos); imersão em ácido sulfúrico concentrado por 20 minutos ou em solução de soda caústica a 20% por 30 minutos.

Produção de forrragem e valor nutritivo

O desmódio cresce rapidamente e produz bastante forragem, no entanto a produtividade depende do tipo de solo, manejo e condições climáticas. Em Rondônia, os rendimentos de forragem estão em torno de 8 a 12 e 4 a 5 t/ha de matéria seca, respectivamente para os períodos chuvoso e seco.

O demódio é uma leguminosa de abundante crescimento e forma consorciações compatíveis e persistentes com capim-colonião (Panicum maximum), quicuio-da-Amazônia (Brachiaria humidicola), brachiarão (B. brizantha cv. Marandu), capim-andropogon (Andropogon gayanus cv. Planaltina) e capim-elefante (Pennisetum purpureum).

O desmódio constitui-se numa excelente fonte de proteína para os rebanhos, principalmente durante o período de estiagem, já que seus teores de proteína bruta variam entre 13 e 16%, enquanto que uma gramínea, na sua fase ótima de utilização, apresenta de 8 a 10%. Com oito semanas de crescimento, apresenta 0,19% de fósforo, 0,55 % de cálcio e 48,2% de digestibilidade “in vitro” da matéria seca. Seus teores de tanino são relativamente elevados, quando comparados com os de outras leguminosas forrageiras tropicais, o que pode resultar em menor consumo, notadamente durante o período chuvoso. Os ganhos de peso podem variar de 300 a 500 g/an/dia e de 500 a 800 kg/ha/ano. Tolera moderadamente a defoliação e recupera-se bem quando submetido a pastejo controlado, não devendo ser rebaixado a menos de 20 cm acima do solo.

Manejo

O desmódio pode ser utilizado sob a forma de feno, pastejo direto, puro ou consorciado com gramíneas, para a formação de bancos-de-proteína (piquete exclusivo apenas com a leguminosa) ou através de cortes para fornecimento em cochos. Quando utilizado em bancos-de-proteína, o período de pastejo deve ser de uma a duas horas/dia, preferencialmente após a ordenha matinal. Gradualmente, à medida que os animais vão se adaptando ao alto teor de proteína da leguminosa, o período de pastejo pode ser de duas a três horas/dia, notadamente durante a época seca em que a alimentação dos animais torna-se mais crítica.

O dimensionamento da área do banco-de-proteína depende da categoria e do número de animais a serem suplementados, das exigências dos animais e da disponibilidade de forragem. Em geral, um hectare de desmódio pode alimentar, satisfatoriamente, 20 a 25 vacas paridas durante o período chuvoso e de 15 a 20 vacas durante a época seca. Em Rondônia, a utilização de bancos-de-proteína com desmódio em complemento a pastagens de Brachiaria brizantha cv. Marandu, resultou em produções de 7,25 e 7,43 kg de leite/vaca/dia, respectivamente para os períodos chuvoso e seco, as quais superaram àquelas obtidas por vacas pastejando apenas a gramínes (7,03 e 66,50 kg leite/vaca/dia). A utilização do feno de desmódio na alimentação de ovelhas deslanadas da raça Santa Inês, durante o período seco, proporcionou um ganho de peso de 49,32 g/an/dia, o que representa um acrécimo de 1.526%, comparativamente àquelas sem suplementação (3,23 g/an/dia).

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