Como plantar shisô

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A  culinária oriental já não está tão distante das mesas dos brasileiros como há alguns anos. Antes mais restrita a locais onde estão instaladas colônias de descendentes de imigrantes asiáticos, empórios e restaurantes especializados, hoje é possível saborear especialidades alimentícias de países do outro lado do mundo tanto em grandes centros urbanos quanto em municípios do interior do território nacional. Nem todos os itens do cardápio estrangeiro, porém, são importados.

Há os que encontraram aqui condições ambientais para a produção de volume que abastece o próprio mercado interno. Planta de origem japonesa, o shisô (Perilla frutescens) tem cultivo concentrado na cidade paulista de Mogi das Cruzes para atender ao consumo da expressiva colônia japonesa local e estabelecimentos da região. Ainda pouco conhecido no país, começam a avançar investimentos em áreas de plantio comercial da cultura pelo interior do Estado de São Paulo.

Com bom desenvolvimento sob clima tropical, tolerando temperaturas entre 15 ºC e 28 ºC, o plantio do shisô pode ser um complemento da renda mensal do agricultor. No atacado, o quilo das folhas do arbusto, que chega a 1 metro de altura, é comercializado com preço médio de R$ 15. Recomenda-se o consumo das folhas em até três dias após a colheita.

Dotada de propriedades medicinais, aromática e rica em cálcio, ferro e potássio, a folha do shisô tem diversas utilidades. A verde (mais rara) ou a vermelha (mais comum), quando fresca, serve para enrolar o sushi em substituição à alga e, desidratada, como corante natural alimentar e no preparo de bebidas refrescantes. Com cheiro que lembra hortelã e erva-doce, também é ótima para ser misturada a chás. As folhas secas em pó e as sementes – fonte de ômega 3 – secas e moídas dão um toque refinado na finalização de alguns pratos.

Protegido naturalmente do ataque de pragas e insetos predadores por ser planta de aroma acentuado, o shisô tem cultivo fácil, mas que precisa ser bem conduzido, a fim de ramificar e gerar muitas folhas e inflorescências. Ambos são produtos do shisô que podem ser aproveitados economicamente.

É a colheita da planta, no entanto, o momento que exige mais dedicação do agricultor. Após 180 dias da semeadura, sempre pela manhã, com o sol posto e sem a umidade do orvalho da madrugada, folha por folha deve ser apanhada em uma operação que leva, pelo menos, duas horas diariamente. Como o shisô pode se transformar em uma erva invasora, devido à queda de sementes quando maduro, a colheita da planta dever ser total, para impedir o seu alastramento.

MÃOS À OBRA

>>> Início Adquira o material que será usado como matéria-prima para o plantio de shisô. A muda pode ser obtida por sementes, pela multiplicação vegetativa de ramos em substrato ou por folhas plantadas em meio de cultura. Das opções de propagação, a mais simples e prática é por semente.

>>> Ambiente A planta tem bom desenvolvimento em locais onde a faixa de temperatura mantém-se entre 15ºC e 28ºC. As folhas reduzem de tamanho quando cultivadas em ambientes onde a temperatura predominante fica abaixo de 15ºC. É importante que o shisô receba luz solar direta por algumas horas do dia, porém a cultura precisa de dias curtos para o florescimento.

>>> Plantio Apesar de o shisô se dar bem na maioria dos solos, desde que sejam drenados, dê preferência para os férteis, ricos em matéria orgânica e com pH entre 5 e 6,5. De uma a quatro semanas é o prazo que leva para a germinação. No plantio direto, semeie na superfície do solo preparado para o recebimento da semente, que deve ser levemente coberta com uma camada de terra peneirada. Nesse caso, não há necessidade de preparar canteiro, o qual, com um metro de largura, comporta duas linhas com plantas dispostas alternadamente (em zigue-zague). Mudas feitas em bandejas devem ser transplantadas para os locais definitivos ao atingirem o estágio de quatro a seis folhas. Como planta ornamental, utilize vaso de 8 litros para o cultivo.

>>> Espaçamento Recomenda-se a distância de 40 centímetros entre plantas e de 60 a 80 centímetros entre linhas. O tamanho da cova indicado é de 25x25x25 centímetros. Aproveite a terra da cova para, antes do plantio, misturar com 30 gramas de calcário calcinado, 50 gramas de torta de mamona, 50 gramas de farinha de osso e 100 gramas de composto orgânico. Mantenha o terreno úmido, sem que fique encharcado. Faça a poda do ponteiro quando o shisô atingir de 30 a 40 centímetros de altura. O procedimento favorecerá uma maior ramificação da planta e um aumento da produção de folhas e inflorescências.

O espaçamento correto é de 40 centímetros entre plantas e de 60 a 80 centímetros entre linhas (Foto: Thinkstock)

>>> Cuidados É raro o ataque de insetos por ser uma planta aromática, mas para evitar doenças de fungo na cultura tenha disponível fungicida biológico de uso preventivo. Assegure contar com uma planta forte utilizando fertilizantes foliares compostos de potássio, fósforo, cálcio, magnésio, ferro, zinco e boro, intercalados com coberturas de solo. A aplicação de aminoácidos de origem vegetal contribui para que o shisô não se estresse e se mantenha em equilíbrio nutricional.

>>> Produção Cerca de seis meses após a realização da semeadura, as folhas do shisô estão prontas para serem colhidas gradualmente. A prática exige alguns cuidados, como a retirada de uma folha de cada vez logo de manhã cedo. Comece a colheita pelas folhas mais velhas e assim que estiverem secas da umidade oriunda do orvalho que age na madrugada. Em bom estado, as folhas se conservam em recipiente fechado em geladeira por até três a cinco dias.

 

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