Como criar tatu

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Visto como um meio de preservar a espécie, o manejo do mamífero em cativeiro não é difícil e ainda oferece vantagens econômicas e ecológicas ao criador.

 

Como mascote da Copa do Mundo de Futebol deste ano, o tatu-bola não deu sorte à seleção de futebol nacional. Contudo, para o agricultor brasileiro, o primo desse mamífero de casca dura  – o tatu-peba – pode ser um negócio lucrativo na atividade de criação. Animal silvestre da fauna local, no entanto, o tatu tem seu manejo permitido somente se o criador  possuir autorização do órgão fiscalizador da região e se seguir as orientações da Instrução Normativa 169/2008.

A carne macia, leve e de sabor marcante, e o casco, utilizado como matéria-prima para a confecção de peças de artesanato e de decoração, são os dois produtos comerciais do tatu. Entretanto, até que se estabeleça uma tecnologia de criação, inicialmente estão sendo implantados criadouros para fins de conservação e de formação de plantel de matrizes para atingir escala de produção.

Há anos, índios da etnia pankararé se dedicam à criação de tatus em uma área indígena nos limites de Paulo Afonso, cidade do interior do Estado da Bahia, em plena Caatinga. A prática pioneira, que garante novas gerações do animal, passou a contar, em dezembro de 2009, com a participação do projeto de desenvolvimento financiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa da Bahia (Fabesp), chamado Etnozootecnia: Manejo Sustentável do Peba (Euphractus sexcinctus).

“Ao atender à demanda com o criadouro, eles reduzem a pressão de caça na terra indígena e aumentam a população de tatus-pebas no bioma, reduzindo a captura para abate e consumo próprio”, informa o zootecnista Fabio Morais Hosken.

Presente em todo o território nacional, o animal, de cor castanho e comprimento médio de 40 centímetros, se adapta bem de norte a sul do país, de preferência em instalação que reproduza o ambiente de seu hábitat. O tatu tem agilidade para se mover em terreno seco e gosta de cavar toca na terra, com túnel subterrâneo e profundo, para fazer de moradia. Em países vizinhos, pode ser encontrado na Argentina, Bolívia, Paraguai, Suriname e Uruguai.

Rústico, dócil e fácil de lidar, o tatu não demanda cuidados com os quais o produtor precise se preocupar muito. De raízes a frutos e de insetos a pequenos invertebrados, o mamífero não tem restrições para se alimentar. Para economizar com os custos da atividade, o próprio criador pode plantar diversas variedades de hortaliças para fornecer para o plantel. O investimento inicial para formação de plantel, aquisição de viveiros e equipamentos, elaboração de projeto, registro em órgão fiscalizador, plantio de roças e capital de giro chega a R$ 12.800.

vida_na_fazenda_como_criar_tatu (Foto: Thinkstock)

MÃOS À OBRA

>>> INÍCIO O tatu-peba (Euphractus sexcinctus) e o tatu-galinha (Dasypus novemcinctus) são as duas espécies existentes para criação em cativeiro. Para exercer a atividade, é preciso solicitar autorização ao órgão estadual responsável pela gestão da fauna local. Sem registro, manter animais silvestres confinados é considerado crime ambiental. Um profissional especializado é o mais indicado para formar o plantel, elaborar e executar o projeto.
>>> AMBIENTE Devido à sua rusticidade, o tatu vive bem em locais de condições climáticas diversas. Resistente, tolera sol forte, chuva e vento intenso. Aqui, tem boa adaptação em todas as regiões.
>>> VIVEIRO Monte em uma área com espaço suficiente para abrigar a criação de tatus. Erga uma estrutura telada, com piso de cimento e semicoberta, no tamanho de 6 x 5 x 2 metros, medidas recomendadas para acomodar cinco matrizes e dois machos. Dentro do viveiro, coloque caixas de recria e uma caixa de alvenaria ou de madeira com terra (toca artificial), pois o tatu gosta de cavar buracos no chão.
>>> CUIDADOS Cada animal deve receber vermífugo em intervalos de três meses. O medicamento é o mesmo fornecido para suínos na versão em pó. As instalações também precisam ser mantidas limpas semanalmente. Use cal e cloro para realizar uma desinfecção do local uma vez por mês.
>>> ALIMENTAÇÃO O  come todos os tipos de vegetais. Muitos deles, como mandioca, abóbora e frutas, podem ser produzidos no mesmo local da criação. A iniciativa contribui para a redução de custos da atividade. Onívoro, o mamífero também se alimenta de carnes, vísceras, carcaças em bom estado, inclusive pequenos animais vivos. Ração é mais uma opção de nutrição para a dieta variada do TATU. Como não há uma versão específica para o mamífero, criadores têm oferecido as mesmas que são destinadas para cães. Deve-se suplementar a alimentação com uma fonte de cálcio, como farinha de ossos ou fosfato bicálcico.
>>> REPRODUÇÃO O ideal é que ocorra no período de 12 a 18 meses de idade da fêmea, prazo que permite a realização de dois partos. Nascem de dois a quatro filhotes por parto após quatro meses de gestação. O desmame da cria é recomendado entre 60 e 90 dias de vida. Em seguida, transfira os filhotes para a área de recria em outro cativeiro ou em caixas de alvenaria de 2 metros quadrados. Embora possa viver por cerca de dez anos, o tatu está no ponto ideal para o abate em um pequeno intervalo de tempo, quando ainda jovem. Ao atingir o peso de 2 a 3 quilos, no prazo de um ano a 18 meses de idade, o animal está terminado.

RAIO X

Criação mínima: 2 machos para 5 fêmeas
Custo: R$ 12.800 para formação de plantel, aquisição de viveiros e equipamentos, elaboração de projeto, registro em órgão fiscalizador, plantio de roças e capital de giro
Retorno: após 30 meses
Reprodução: a partir de 12 meses.

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