Como criar piauçu

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De crescimento rápido, o peixe pode ser fonte de renda por meio do comércio de carne e de exemplares vivos para pesque e pague.

 

Junto com o piau (Leporinus friderici) e a piapara (Leporinus elongatus), peixes de água doce que foram apresentados nesta seção nas edições 335 e 343 da revista Globo Rural, o piauçu (Leporinus macrocephalus) forma o grupo de peixes com boca pequena composta de dentes incisivos que possuem características adequadas para criação em cativeiro. Têm crescimento rápido, boa adaptação para viver em espaços pequenos, como tanques escavados, e não demandam muitos investimentos.

Assim como seus primos, que pertencem à família Anostomidae, da ordem Characidae, o piauçu pode ser fonte de renda para o produtor por meio do comércio da carne, considerada suave e saborosa, e do exemplar vivo, para estabelecimentos de pesque e pague. Exemplares acima de 800 gramas são comercializados a partir de 12 meses, prazo que varia dependendo da densidade praticada na criação (quanto menor, mais rápido é o crescimento). Piauçus com 2 quilos ou mais podem atingir preços elevados no mercado.

Há ainda a alternativa de usar o piauçu como ornamentação em lagos, espelhos d’água, tanques ou grandes aquários. Peixe de escamas e corpo alongado, conta com o dorso em tons de cinza-escuro e esverdeado, ventre amarelado na região da cabeça e duas listras verticais escuras nos flancos.

O piauçu é um peixe fácil de alimentar, pois aceita tudo, embora, para assegurar a qualidade da criação, deva-se fornecer ração balanceada. Podem ser utilizadas as peletizadas ou extrusadas, alimentos encontrados em lojas de produtos agropecuários do varejo local e que são recomendados por permitir excelente conversão alimentar ao animal.

Uma dieta equilibrada também contribui para que a criação tenha uma engorda saudável e veloz. Se bem alimentado, o piauçu pode chegar ao primeiro ano de vida com 1 a 1,2 quilo de peso, além de ter um desenvolvimento esperado, atingindo a maturidade sexual ao completar um ano de idade, para machos, e dois anos, para fêmeas.

De origem da bacia do Rio Paraguai, abrangendo toda a área do Pantanal e o Baixo Rio Paraná, o piauçu na natureza enfrenta corredeiras de águas para a realização da desova (piracema), que vai de setembro a janeiro. Por isso, durante o período de reprodução em cativeiro, onde não há correntezas, o peixe precisa receber estímulos por meio de aplicação de hormônios. O procedimento, que tem registros bem-sucedidos, deve ser feito com o auxílio de um produtor experiente ou profissional da área com conhecimentos no assunto.

Mãos à obra

>>> Início A compra de juvenis é uma etapa fundamental para que a criação tenha bons resultados. Por isso, adquira os piauçus jovens de viveiros idôneos, que utilizam matrizes selecionadas, bem nutridas e livres de doenças e parasitos. A água dos tanques também deve ter qualidade, proporcionando ambiente saudável para o desenvolvimento dos peixes. O preço do milheiro de juvenis de 2,5 a 3 centímetros oscila entre R$ 120 e R$ 180.

>>> Ambiente O piauçu tolera grandes variações de temperatura, desde que não sejam bruscas. O desenvolvimento mais rápido ocorre na faixa entre 26 ºC e 28 ºC. Em tanques, mantenha o nível da água próximo ao topo do monge. A renovação é necessária com, no mínimo, 10 litros por segundo por hectare de lâmina d’água. Uso de aeradores somente à noite é indicado caso a densidade seja maior que três peixes por metro quadrado.

>>> Estrutura São necessários tanques para todas as etapas de crescimento do piauçu, como recria e terminação. Podem ser escavados com 500 metros quadrados de área, tamanho que facilita o manejo da alimentação e o controle de ataque de aves. Use telas de proteção na tubulação de entrada de água, para evitar o acesso de resíduos, sujeiras e outros animais.

>>> Água É importante manter a transparência da água. Se for maior que 50 centímetros, feche ou diminua a entrada de água nos viveiros. Caso necessário, adube com ureia ou esterco de aves curtido até a água tornar-se esverdeada. De acordo com a análise previamente realizada, aplique calcário no solo ao fundo para elevar a alcalinidade e corrigir o pH da água. Antes de introduzir os peixes, aclimate-os colocando um pouco da água dos tanques dentro dos recipientes usados para o transporte deles. Ajudará a amenizar as diferenças de temperatura, níveis de oxigênio, pH e concentração de gás carbônico entre as duas águas.

>>> Alimentação Apesar de ser uma espécie que come de vegetais a crustáceos, o piauçu também deve ser alimentado com peletes flutuantes, com porcentagem de proteína e tamanho de acordo com a fase de vida da criação. A versão extrusada ajuda no monitoramento do consumo e no ajuste do volume fornecido. Recomenda-se fornecer de duas a três refeições por dia no máximo.

>>> Reprodução Solicite ajuda de um piscicultor experiente para realizar a aplicação de hormônios nos piauçus. O procedimento para a liberação dos gametas (óvulos e espermatozoides), que substitui a piracema que os peixes realizam na natureza, ao migrarem para a cabeceira dos rios, deve ser executado após as fêmeas atingirem entre dois e três anos de vida e os machos acima de um ano. São necessárias duas aplicações, divididas em 10% e 90% da dose total do hormônio. Os reprodutores precisam estar quase prontos para desova, sendo os machos apresentando liberação de sêmen sob leve pressão abdominal e as fêmeas com ventre abaulado e com a papila genital inchada e avermelhada.

Raio-x

Criação mínima: dois viveiros com tanques de 500 metros cada
Custo: de R$ 120 a R$ 180 é a faixa de preço do milheiro de juvenis
Retorno: a partir de 12 meses pode ser iniciada a comercialização
Reprodução: por meio de aplicação de hormônios.

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