Como criar cabras

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Sem necessidade de muitos cuidados, o negócio pode ser voltado para fins de subsistência ou comercialização de carne, leite e derivados.

 

Apesar de seu aspecto frágil, a cabra não mostra fraqueza diante das adversidades. Na verdade, ela é um animal muito resistente e de boa adaptação aos mais diversos tipos de ambiente, de desertos a regiões com nevasca. A grande tolerância do mamífero às intempéries facilita o trabalho de quem se lança na atividade de criação, que pode ser para a produção de carne, leite e derivados, produtos que estão ganhando mais espaço no varejo brasileiro, além da comercialização de matrizes e reprodutores. De pecuária familiar de subsistência a empreendimentos altamente tecnificados, há modelos de criação de cabras para todos os bolsos. Entre os mais simples, como o manejo de poucas cabeças em um espaço pequeno, o produtor pode aproveitar a rusticidade do animal para fazer uso de sobras de materiais na propriedade a fim de montar um abrigo. A mão de obra dos próprios familiares dá conta da lida com o plantel.

A cabra também não exige muitos cuidados nem necessita de muita dedicação. Não adoece com facilidade e, portanto, não demanda práticas veterinárias. Como gosta de pastar, é indicado apenas realizar vermifugação e exame de fezes. Herbívora e ruminante, ela aprecia comer plantas arbustivas de folhas largas e forrageiras, como gramíneas e leguminosas, alimentos que não pesam muito no orçamento.

Dócil e de baixa estatura, quando adulta a cabra tem peso que varia de 45 a 70 quilos. Em um período médio de nove meses de lactação, as raças leiteiras conseguem fornecer diariamente de dois a cinco quilos de leite, o produto mais adequado para o comércio de criações de baixo custo. Na caprinocultura leiteira, o retorno financeiro é mais rápido que na de corte. No varejo, o leite alcança preços superiores aos de vaca, pois contém mais vitaminas A, B12, C e D. Além disso, o leite de cabra é muito digestível e indicado para quem tem alergia a caseína – proteína existente no leite de vaca.

cabras_como_criar_ (Foto:  )

A cabra foi um dos primeiros animais domesticados no mundo, milhares de anos antes de iniciar a era cristã. Para cá, foi trazida pelos colonizadores e teve o plantel incrementado na época da chegada dos imigrantes. Quando tiveram interesse em adquirir mais matrizes e reprodutores, criadores instalados em território brasileiro ainda recorreram ao mercado internacional. Europa, América do Norte e África foram os principais fornecedores dos novos exemplares.

As importações ainda ocorrem, principalmente de animais com aptidão para a produção de carne vindos do continente africano. Mais de 90% da população de cabras no país está na Região Nordeste, onde se localizam as raças canindé, marota, repartida e moxotó.

RAIO-X
CRIAÇÃO MÍNIMA: 
25 cabras em lactação
CUSTO: tem exemplar a partir de R$500
RETORNO: após três anos
REPRODUÇÃO: um filhote a cada 12 meses

MÃOS À OBRA
INÍCIO: 
Na escolha de animais para uso como matrizes ou reprodutores, prefira os que são puros de origem. Para cabras leiteiras ou produtoras de carne, fique atento se possuem bom porte e aprumo, ligamentos fortes e úberes volumosos. O preço dos animais depende muito da genética e do estado fisiológico. Cabras gestantes ou em lactação são mais caras. Faça o registro genealógico dos exemplares junto às entidades da região credenciadas pela Associação Brasileira dos Criadores de Caprinos (ABCC).
FINALIDADE: Entre as raças há as que apresentam boa produção de leite, como saanen, alpina e toggenburg, de origem europeia. Há as de dupla aptidão, como a inglesa anglo-nubiana, e as que rendem leite, como mambrina, jamnapari e bhuj, da Ásia. Para carne, destaca-se a boer, da África do Sul.
SISTEMAS: As cabras podem ser criadas em três sistemas. No extensivo, os animais ficam soltos no pasto. No semi-intensivo, parte do dia a criação pasta e depois recebe suplementação de volumoso e concentrado no cocho. Já no intensivo, os caprinos são mantidos confinados e toda a alimentação é fornecida no cocho.
INSTALAÇÃO: O capril pode ser feito de estrutura simples, mas é importante que tenha boas condições para abrigar os animais. Se houver no local uma instalação ociosa, ela pode ser adaptada com divisão de baias para acomodar as cabras, de acordo com a fase de desenvolvimento. Essas opções reduzem os custos da atividade. É bom que o abrigo seja confortável, ofereça segurança e proteção contra vento e chuva. Cubra o chão com cama de maravalha ou use sarrafos de 3 centímetros de espessura por 5 centímetros de largura para fazer um piso ripado. Deixe um espaço de 2 centímetros entre os sarrafos e de 0,5 a 1,8 centímetro de altura do solo.
HIGIENIZAÇÃO: Recomenda-se manter o capril sempre limpo para conservar a saúde das cabras. Diariamente, retire os dejetos do chão e as sobras de alimentos que ficam nos cochos. No mínimo a cada 30 dias aplique vassoura de fogo ou desinfetante químico nas instalações.
ALIMENTAÇÃO: Plantas são a base das refeições das cabras. As arbustivas de folhas largas, como amoreira, rami e feijão-guandu, são bem aceitas, como também capins, silagem de milho e feno de leguminosas. Enquanto as forrageiras são boas para a digestão dos caprinos, os grãos são usados como complemento nutricional para favorecer a alta produção. Sais minerais podem ser fornecidos em cochos diferentes dos alimentos. Mantenha água limpa e fresca à disposição, pois as cabras consomem de cinco a seis litros por dia.
REPRODUÇÃO: Cabras leiteiras de origem europeia podem procriar a partir dos quatro meses. Há casos que ocorrem até antes desse período. Contudo, por ainda não contarem com um desenvolvimento adequado, a reprodução entre animais jovens não é indicada. Desde os três primeiros meses de vida, crie os caprinos separados por sexo, para evitar coberturas precoces.

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