A caprinocultura no contexto da agricultura familiar

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A caprinocultura no contexto da agricultura familiar
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A caprinocultura no contexto da agricultura familiar

O Brasil como país tropical, apresenta boas condições para exploração de ruminantes em condições de pastejo. Nosso país de dimensão continental possui distintas condições ambientais e em algumas regiões apresenta diversos ecossistemas, com solos e vegetação que em seus habitat naturais dificultam a produção de ruminantes a pasto, portanto, sendo necessário a introdução de técnicas adequadas na exploração animal nesta zonas. A diversidade das condições agroecológicas e socioeconômicas tem destaque mais marcantes na região semi-áridas do Nordeste, sendo de grande complexidade, gerando pobreza e grande êxodo nas comunidades rurais, em épocas de secas.

A região Nordeste representa menos de 20% da área territorial brasileira e concentra aproximadamente 93% do rebanho caprino nacional com oito milhões de cabeças, representando 1,2% do total mundial. Salvo algumas exceções, esta atividade é geralmente desenvolvida com baixo nível tecnológico e sistema extensivo, não oferecendo competitividade no mercado globalizado.

Sabe-se, entretanto, que a exploração de pequenos ruminantes no semi-árido tem sido motivo de fixação do homem à terra, trazendo paz social no campo, grande contribuição à região, gerando empregos, ocupando a farta mão-de-obra local, além de trazer renda e bem estar ao homem do campo, nessa marcha de incentivo à agricultura familiar, realizada pelo Governo Federal.

Entretanto, um dos principais entraves à exploração destes animais é o conhecimento técnico em relação ao manejo e principalmente a nutrição animal, com dificuldades em épocas secas, quando existe carência de forragens, debilitando ou tornando inviável a exploração animal.

Por outro lado, a exploração da cultura da cana-de-açúcar em nosso país gera em torno de 100 milhões de toneladas bagaço de cana, que poderiam ser utilizados para gerar um aumento de cerca de 20 milhões de toneladas de carcaça de ruminantes, apenas com este resíduo da agroindústria e assim dispor mais produtos de origem animal de qualidade superior na mesa dos brasileiros. Isto, com certeza ajudaria a minimizar os graves problemas de carência de proteínas por que passa a população brasileira e diminuir os problemas sociais decorrentes desta situação.

A cana-de-açúcar é a cultura de maior importância do Estado de Alagoas, ocupando uma área de 420 mil hectares , com uma produção de 25 milhões de toneladas. Deste total, de 30 a 33% se transforma em bagaço que pode ser perfeitamente aproveitados pelos ruminantes, gerando empregos, renda e saciando a fome da população urbana, carente de proteína de boa qualidade.

A produção resíduos originados da cana-de-açúcar, após seu esmagamento nas moendas, geralmente coincide com o período de escassez de forragem em determinadas regiões, por ocorrência das secas cíclicas. Desta forma, esta enorme quantidade de biomassa produzida nas usinas de açúcar e destilarias, sendo o bagaço o principal resíduo fibroso, pode servir de alimento básico para os ruminantes na ausência de boas pastagens, desde que devidamente tratado e administrado corretamente na alimentação animal.

A finalidade básica do tratamento é a hidrólise que ocorre dentro da parede celular, causando o rompimento da forte ligação entre a lignina e a celulose, fazendo com que a primeira, sendo indigesta, seja expulsa dentro do trato gastrointestinal e a segunda, consequentemente melhor, seja aproveitada.

Além dos resíduos da cana-de-açúcar, existem outros resíduos que sobram em grandes quantidades no Estado de Alagoas e outras regiões brasileiras como, por exemplo, palhas de feijão, de milho, de arroz, etc., que podem perfeitamente servir de alimentação alternativa para os ruminantes, uma vez que alguns destes alimentos fibrosos são produzidos em épocas de escassez de volumosos durante o período seco, o que causa muitos transtornos ao produtor rural, na hora de arraçoar o gado.

Já foi observado e comprovado através de pesquisas, que os tipos nativos de animais do Nordeste, quando são criados em meio adequado de manejo, apresentam desempenho zootécnico acima da média do rebanho regional.

Por outro lado, um dos maiores entraves ao desempenho zootécnico, é a falta de alimentos volumosos durante a estação seca, o que poderia ser contornado com a alimentação alternativa, ou seja o tratamento químico de resíduos lignocelulósicos com uréia, para uso na alimentação de ruminantes, como preconiza o autor em seus livros e trabalhos técnico-científicos publicados e divulgados.

Enfim, sabe-se que o potencial genético de nossos rebanhos caprinos e ovinos tem se manifestado quando adotamos métodos adequados de manejo e criação, sanidade e, principalmente, nutrição.

Justifica-se desta forma, o uso de materiais lignocelulósicos tratados adequadamente para incrementar a produtividade dos rebanhos Nordestinos, evitando desta forma a precariedade habitual no manejo dos rebanhos.

A baixa produtividade dos rebanhos ovino, caprino e ruminantes, de maneira geral, em regiões áridas e semi áridas, em um sistema impróprio de criação, principalmente para o pequeno produtor rural, tem despertado o interesse de órgãos governamentais, visando a resolução dos problemas que afetam diretamente a produção animal. Neste sentido, o autor tem se manifestado e incentivado o uso constante destes materiais fibrosos que são indispensáveis na alimentação de poligástricos, uma vez que estes animais podem perfeitamente utilizar estes resíduos, sem nenhuma utilidade aparente na alimentação humana, porém de grande utilidade na alimentação de ruminantes, já que este animais são dotados de uma peculiaridade no seu trato gastrointestinal que podem aproveitar com vantagem e assim otimizar o uso destes materiais fibrosos.

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