6 questões sobre o plantio de hortaliças

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1) Alcachofra tímida: No ano seguinte ao que plantei uma muda de alcachofra, colhi duas cabeças ovais, com a ponta da bráctea dura e quase sem sabor. Isso se deve à qualidade da planta ou ao solo?

Uma planta de alcachofra deve produzir 7 cabeças no ano seguinte ao do plantio e 14 cabeças em cada ano subsequente. Esta é a produção estimada de um produtor comercial de alcachofra. Abaixo dessas quantidades, é possível supor que Campo Limpo Paulista não tem inverno suficiente frio para estimular a planta de alcachofra a florescer, ou que não tem sido fornecidos nutrientes necessários para a cultura se desenvolver. Para que as brácteas tenham ficado duras, as cabeças devem ter sido colhidas depois do ponto ideal de colheita.

2) Folhas com danos: Mesmo sem prática, preparei a terra com esterco e calcário para plantar em minha casa uma horta com couve, almeirão, mostarda, coentro, cebolinha, salsa e hortelã. Porém, as folhas da mostarda têm sinais de danos causados por algum bichinho e as da couve estão amarelando, embora recebam regas duas vezes ao dia. O que devo fazer, pois pretendo começar a cultivar alface?

Alguns problemas fitossanitários podem alterar a coloração para evitar que sejam causados nela danos por insetos. Se for verificada a presença de ovos de borboletas na face inferior da folha das hortaliças, deve-se esmagá-los para interromper o ciclo de vida delas, impedindo que nasçam as lagartas. No caso de haver algum besouro que esteja comendo as folhas, também pode-se optar pela utilização de uma calda repelente à base de pimenta e fumo. Junte 50 gramas de fumo, 50 gramas de pimenta picante e 1 litro de álcool. Deixe a mistura descansar por sete dias. Em seguida, adicione ao preparo 250 gramas de sabão neutro ou detergente em 10 litros de água. Após coar o material, pulverize sobre as plantas a solução que serve para o controle de lagartas, cochonilhas e vaquinhas. O amarelecimento da couve, no entanto, é possível que seja oriundo do ataque de alguma doença. Recomenda-se sempre preferir cultivar plantas de origem conhecida, de viveiros idôneos ou sementes de marcas comerciais já consolidadas no mercado.

3) Manchas: Como sou consumidor de vegetais orgânicos e tenho comprado beterraba com folhas e talos para fazer sucos, percebi a presença de manchas na planta (cercosporiose). Há algum problema para o consumo humano?

Fungos que causam doenças em plantas normalmente não fazem mal ao ser humano, a não ser em alguns poucos plantios em que há produção de micotoxinas, o que ocorre, em geral, em associação com sementes. Não é o caso da cultura da beterraba. Portanto, folhas da hortaliça com manchas causadas por Cercospora beticola podem ser consumidas. Há de se considerar, entretanto, que tecidos necrosados pela ação do organismo causador da doença certamente irão afetar o valor nutritivo e o sabor do alimento. Além disso, o produto poder ser contaminado por outros microrganismos que se alimentam de substâncias orgânicas comumente provenientes de matéria orgânica em decomposição, chamados saprófitos. Assim, a recomendação é, se possível, evitá-los para se proteger de qualquer risco.

4) Broto de alfafa: Em apenas três dias, toda a minha produção de broto de alfafa amolece, dá mal cheiro e morre. Já perdi 25 quilos de sementes. Inicialmente, por 6 horas, coloco-as de molho em água com trocas constantes. Em 30 telas empilhadas uma sobre a outra, com espaço de 20 centímetros entre elas, utilizo água corrente para ajeitar as sementes. Após escorrer a água, as telas vão para uma estufa e, em seguida, são lavadas em duas caixas d’água de 250 litros cada e enviadas para uma centrífuga de inox. Na sequência, elas são embaladas e armazenadas na geladeira. A estufa deve ter alguma temperatura ideal para a produção? É normal a embalagem suar?

Há vários motivos que prejudicam o desenvolvimento de brotos de alfafa. Por isso, para se chegar a uma solução, é importante contar com mais detalhes do problema e realizar alguns testes em laboratório, principalmente os de qualidade da semente e da água utilizada. Sementes muito velhas apresentam baixo vigor e demoram mais tempo para alcançar o tamanho desejado. Sob condições de alta umidade relativa, o crescimento lento acelera o apodrecimento da planta. Sementes com alta carga de micro-organismos (baixa qualidade fitossanitária) também podem apodrecer antes da colheita. Água com matéria orgânica, ou não tratada, por sua vez, pode veicular grande quantidade de micro-organismos, como algumas bactérias que causam podridões com cheiro muito desagradável. Outra causa possível é o registro de temperatura muito elevada no ambiente de produção, condição que provoca desordens fisiológicas responsáveis pelo apodrecimento. Nesse caso, o odor liberado é típico de material vegetal em decomposição e muito diferente dos odores causados por bactérias. O ideal é manter a temperatura de crescimento entre 30ºC e 35°C. Quando a quantidade de sementes é acima da capacidade de suporte do sistema utilizado na produção, pode ocorrer acúmulo de um regulador de crescimento (etileno), que é gasoso. Esse gás causa, entre outros efeitos, o curvamento dos brotos e antecipa o processo de senescência, acelerando a perda do material. Em associação com temperaturas elevadas, o aumento da atividade respiratória é induzido, elevando ainda mais a temperatura interna dos brotos e criando um ciclo indesejável. O aumento na atividade respiratória consome rapidamente as reservas das sementes, acabando com os substratos respiratórios. Assim, os brotos entram em colapso e se perdem muito rápido. Diante da existência de vários fatores, o produtor deve analisar se a qualidade das sementes, a da água e as condições do sistema utilizado, além de outros fatores de menor importância, estão dentro dos valores favoráveis à produção. Para tentar solucionar, seria importante ter mais detalhes e realizar alguns testes em laboratório, principalmente, qualidade da semente e da água utilizada.

5) Pulgão em couve:  Qual tratamento deve ser aplicado para eliminar manchas brancas em hortaliças, além de pulgão em couve?

Apenas o registro de manchas brancas em hortaliças não permite realizar um diagnóstico, nem fazer alguma indicação de controle nas plantas. No caso dos pulgões, porém, há várias recomendações para livrar a couve da praga. Primeiramente, consulte a Circular Técnica nº 80 da Embrapa Hortaliças, que trata do controle de pragas em hortas urbanas por meio de métodos alternativos aos inseticidas químicos sintéticos. Na publicação, existem algumas receitas caseiras de inseticidas botânicos para pulgões. Uma delas é a calda elaborada a partir de pimenta-do-reino e de alho, que tem ação repelente e pode matar as formas jovens do inseto alojadas nas folhas de couve. Deve ser aplicada em intervalos de cinco dias e sempre no final da tarde, quando há pouco sol e vento. Três aplicações são suficientes para o controle, com risco de reinfestação somente após 40 dias. Outra possibilidade é o uso de detergente neutro diluído em água até a concentração de 0,5% – adicione 5 mililitros de detergente em um litro de água. Antes de utilizar os produtos, recomenda-se retirar as folhas mais infestadas com a praga. Ensaque-as para serem levadas distantes da horta ou, então, enterre-as, a fim de evitar que formigas transportem os pulgões presentes no chão de volta para a horta. Em seguida, é hora de pulverizar ou borrifar a calda nas faces superior e inferior das folhas de couve, inclusive nas que ainda estão se abrindo no ápice da hortaliça. Aplique até que o líquido escorra pelo caule. É bom dar atenção especial para as folhas mais velhas (baixeiras), onde os pulgões preferem se alojar para se protegerem de joaninhas e da chuva. Após uma hora da execução do procedimento, lance com uma mangueira água com pressão sobre a planta tratada para remover boa parte dos insetos. Em geral, a hortaliça fica sem brilho porque o detergente retira a camada de cera das folhas. Depois de cinco dias, repita todo o processo novamente. Na maioria das vezes, mostra-se necessário fazer um novo tratamento após dois meses.

6) Couve ressecada: Apesar de regarmos uma vez por dia, após dois meses do plantio feito a partir de muda, a couve-manteiga está com problemas de ressecamento. O que podemos fazer?

Pelo sintoma aparente da planta, que é provocado pela insuficiência de molibdênio no solo, é possível verificar na couve a ocorrência de uma deficiência nutricional conhecida como ponta-de-chicote. Como não há, após o desenvolvimento da planta, a possibilidade de fazer a correção do nutriente em falta com adição de fertilizantes, o produtor deve elevar o teor de molibdênio na fase de adubação. A prática assegura ainda a presença do nutriente para evitar problemas no próximo plantio. Para orientações mais detalhadas acerca da adubação, contudo, a sugestão é entrar em contato com o escritório da Assistência Técnica e Extensão Rural de seu município.

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