Cavalos e Muares
Embora seja cada vez maior a mecanização nas fazendas e nas propriedades rurais, em geral, o trabalho ou emprego de animais nos serviços do campo ainda é muito grande.
Em muitos casos, o uso de animais não é só necessário mas, também, insubstituível, pois em certas zonas, por suas características, não é possível a utilização de veículos motorizados. Além disso, nem todo agricultor ou lavrador possui recursos para adquirir um carro, um caminhão ou um trator. Por esses motivos, a importância do cavalo é muito grande, inclusive na produção desses excelentes animais, os muares.
Devido à sua grande resistência e capacidade de adaptação, os cavalos prestam grandes serviços como animais de tração, nos trabalhos dos campos e nos transportes, bem como animal de sela, não só nas atividades rurais, mas também no transporte em regiões em que não existem estradas ou que estas sejam utilizáveis somente por carroças e cavalos.
O cavalo, porém, não serve somente para trabalhar. O seu emprego em atividades esportivas é por demais conhecido, principalmente no turfe, para as corridas, nos jogos de pólo e nas competições de salto. Os departamentos de polícia de todo mundo ainda utilizam os cavalos, em batalhões que possam se utilizar de seu porte e imponência.
Se atualmente, e ainda por muitos anos, os cavalos desempenharão um grande papel na vida agropecuária do Brasil, o estudo desses admiráveis animais se reveste de grande importância.
Naturalmente, o número de eqüinos tem diminuído sensivelmente no Brasil mas, em compensação, a sua criação vem melhorando cada vez mais, não só com o aperfeiçoamento das raças nacionais, como a mangalarga, a campolina e a pantaneira, mas também com a criação de outras raças importadas, como o puro- sangue inglês, o árabe, o andaluz, etc.
A criação e aperfeiçoamento do cavalo no Brasil, vem sendo estimulado pelo Exército, Ministério da Agricultura, jóquei clubes, clubes hípicos, associações de criadores e por um crescente número de criadores que descobriram na criação de cavalos um empreendimento muito lucrativo.
Como o cavalo nacional, exceto os das raças já aperfeiçoadas, é pequeno e, em geral, mal conformado, é aconselhável, para melhorá-lo, fazer o seu cruzamento com raças nobres, para que sejam corrigidos os seus defeitos, dando-lhes melhor conformação, mais altura e beleza, além de maior velocidade e resistência. Por esse motivo, devem ser escolhidas éguas bem conformadas, bem desenvolvidas, com bom aprume, etc., as quais devem ser bem alimentadas para que produzam filhos sadios. Quanto ao garanhão empregado como melhorador, para animais de sela, deve ser de raças nacionais aperfeiçoadas ou das raças puras importadas, como o árabe, puro-sangue inglês, etc.
Podemos empregar o cavalo, também, para obter os muares, isto é, os produtos obtidos pelo acasalamento do jumento com a égua ou do cavalo com a jumenta. Esses produtos são, conseqüentemente, híbridos, pois são o resultado da reprodução entre espécies diferentes, entre eqüinos e asininos.
Os machos obtidos desses cruzamentos são conhecidos por burros, que são absolutamente estéreis, as passo que as fêmeas, as mulas, embora seja muito raro, podem dar cria. Os burros nacionais, em geral, são pequenos e leves. Para que sejam obtidos muares maiores, mais pesados e, portanto, melhores para a tração, é aconselhável o emprego de éguas puras ou mestiças, das raças de tração pesada, como a Bretã-postier, pois seus mestiços são ótimos animais e as éguas podem ser aproveitadas, como já dissemos, na produção de muares grandes, fortes, resistentes e mansos.
Comparando os cavalos aos muares, podemos verificar que os mestiços bretão têm maior força de tração, maior velocidade e potência média; são fecundos, ou seja, capazes de se reproduzir e podem ser utilizados em outros serviços. Quanto aos muares, têm maior resistência física, um maior período de vida, são menos exigentes quanto à alimentação e são mais cuidadosos, evitando melhor os perigos encontrados nos terrenos por onde andam.
Portanto, criador, procure criar cavalos de raça, puros ou mestiços, ou então melhorar as éguas para, depois, produzir muares grandes e pesados, de valor não só para os trabalhos no campo, mas também para venda, pois possuem um bom valor de mercado, é claro, nada comparado aos cavalos de raças puras.