Relações com a China são maiores do que pessoas ou governos, diz ex-ministra Katia Abreu

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Durante videoconferência, senadora afirma que poderes já mostraram independência e agora precisam trabalhar em harmonia

 

As relações do Brasil com a China devem ser maiores do que qualquer governo e a necessidade comercial tem de estar acima de qualquer pessoa. A afirmação foi feita nesta terça-feira (26/5) pela senadora Kátia Abreu (PP-TO), ao comentar as referências feitas ao país asiático durante reunião do presidente Jair Bolsonaro com os ministros no dia 22 de abril, encontro que teve a gravação divulgada na sexta-feira (22/5) passada.

Em videoconferência transmitida ao vivo pela Necton Investimentos, a ex-ministra da Agricultura lembrou que uma relação como a que o Brasil tem com a China não acaba de um dia para o outro. Mas pode ser abalada ao longo do tempo por um conjunto de animosidades.

Ela lembrou, no entanto, que o saldo positivo da balança comercial do Brasil foi de US$ 12,3 bilhões nos quatro primeiros meses deste ano e, não fosse a Ásia, tendo a China como principal parceiro comercial, haveria um déficit de US$ 20 bilhões. Destacou, ainda, que, para cada dólar faturado em exportações para os Estados Unidos, três são faturados em vendas ao mercado chinês.

Na visão da parlamentar, essa comparação é um indicativo suficiente da importância dessas relações. “Eu acredito que a Tereza Cristina (ministra da Agricultura) tem tentado salvar essa questão. Ela tem mantido um bom diálogo – as entidades de classe – com o embaixador chinês. Está todo mundo tentando apagar esse incêndio e minimizar essa situação pela importância que eles representam para nós”, disse a senadora.

Ministros ideológicos x técnicos

Ex-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Kátia Abreu avaliou que o ministério do presidente Jair Bolsonaro está dividido entre dois grupos. Um é formado por ministros técnicos, entre os quais mencionou a atual chefe da pasta da Agricultura, Tereza Cristina. Outro é formado, segundo ela, por “bolsominions” (referência aos apoiadores mais radicais do presidente), entre os quais citou o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

“Os bolsominions atrapalham e fazem muito barulho porque querem disputar o amor e a preferência do Bolsonaro. Nem todos têm a competência necessária e usam a bajulação para permanecer no cargo”, criticou Katia Abreu.

Para a senadora, o vídeo da reunião não teve o efeito fulminante que talvez se esperasse, em relação à investigação da suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. Mas, do ponto de vista legal, vai fazer parte de um conjunto de provas que pode atribuir culpa ao presidente.

Katia Abreu disse ainda que vê um presidente da República com duas faces. Uma, que chamou de analógica, tem atuado de forma positiva. A outra, digital, é preocupante, pois cria desarmonia entre os poderes. Na visão dela, Bolsonaro precisa sair desse “mundo digital”, viver mais o mundo real” e colaborar para que a população não se volte contra ele. Segundo a senadora, a popularidade do presidente caiu por conta do tratamento dado à pandemia de coronavírus, que, na avaliação dela, foi inadequado.

“Ele puxou a Covid para o colo dele na hora que demitiu um bom ministro, na hora que um segundo se demitiu, na hora que faz coletiva com um monte de caixinha de cloroquina. Essa forma de ele tratar a Covid e as mortes foi muito ruim”, avaliou.

Apesar das críticas à postura do presidente, Kátia Abreu descartou a existência de qualquer articulação a favor de um impeachment, embora considere haver esse risco. Para a senadora, os três poderes já deram mostras e afirmaram sua independência, como está na Constituição. Agora, é o momento de buscarem a harmonia, como também está previsto na lei maior do país.

Financiamentos

Kátia Abreu foi relatora do projeto de lei que concede linha de crédito especial para micro e pequenas empresas. Durante a videoconferência, ela disse que o texto foi sancionado e que os vetos foram acordados entre ela e o ministro da Economia, Paulo Guedes. O texto prevê que as micro e pequenas tomem crédito equivalente a até 30% de seu faturamento, com carência de oito meses para início dos pagamentos e quitação em até 36 meses. A taxa de juros é Selic mais 1,25% ao ano.

A senadora destacou que o financiamento pode ser conseguido em qualquer ente financeiro regulamentado pelo Banco Central, desde o banco tradicional até as chamadas fintechs. E, para evitar um represamento dos recursos por conta de aversão a risco, foi criado um fundo garantidor e será feito um sistema de monitoramento diário dos desembolsos por parte das instituições públicas e privadas, que ela chama de emprestômetro.

“É um boletim onde vamos diariamente monitorar o que o público e o privado estão emprestando. Os bancos lucraram muito nos últimos anos, continuam lucrando da mesma forma. Não tem importância o lucro, é saudável. Agora, a vida é um mutirão de todos e os bancos têm que entrar nesse mutirão”, disse ela.

 

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