Piau

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Com boas características para se desenvolver em cativeiro, a espécie pode ser criada para várias finalidades, como a produção de carne, a pesca esportiva e a ornamentação.

 

Se a piscicultura for a ideia para iniciar uma nova atividade, mas o objetivo da empreitada ainda não estiver muito claro, uma alternativa que pode facilitar na hora de decidir pelo retorno mais viável é a criação de peixes conhecidos como piau ou piava (Leporinus friderici), piapara (Leporinus elongatus) e piauçu ou piavussu (Leporinus macrocephalus). Dotados de carne suave e saborosa, e por resistirem com força ao serem fisgados no anzol, têm no manejo em cativeiro a possibilidade de atender ao varejo alimentício e ao comércio de pesque e pague.

Encontrado em grande parte dos rios e riachos daqui, o piau verdadeiro, junto com a piapara e o piauçu, pertence à família Anostomidae, da ordem Characidae, que engloba a maior parte dos peixes de escamas da América do Sul. Os integrantes dessa família têm como aspecto marcante a boca pequena e cheia de dentes incisivos semelhantes aos de animais roedores.

Na aparência, sinais distinguem as três espécies de peixes, que têm como cores predominantes o cinza-escuro no dorso e o branco no abdome. Enquanto nas laterais do piau há três pintas pretas, nas do piapara existem de três a cinco manchas mais escuras em forma de faixa. O piapara ainda possui nadadeiras ventrais, pélvicas, anal e caudal amareladas, mesma cor presente na parte inferior da cabeça do piauçu.

O segmento de ornamentação também é mais um fim para a tarefa de criar piau. Nesse caso, trata-se do pequeno piau-flamengo, ou ferreirinha (Leporinus octofasciatus), outra espécie do gênero que exibe uma bela coloração.

Além da versatilidade comercial, o piau pode ser desenvolvido em um viveiro a partir de 500 metros quadrados, instalado em sítio, chácara ou fazenda. Tem crescimento rápido, sobretudo nos primeiros 12 a 18 meses de vida, com engorda de 1 a 1,2 quilo no período. Para atingir um tamanho acima de 1,5 quilo sem a necessidade de esperar por muito tempo, alguns exemplares podem ser separados para venda em uma despesca seletiva, enquanto os demais, em uma densidade menor, têm a oportunidade de continuar a crescer.

O piau desenvolvido em cativeiro ainda possui capacidade de reprodução, boa tolerância ao manejo e bom rendimento de filé. Apesar de excelente qualidade, a carne contém espinhas intramusculares em forma de Y que podem reprimir as vendas, dependendo das exigências do consumidor. Por isso, antes de estabelecer o negócio, é importante conhecer bem as características e hábitos da população que vive na região onde será implantada a atividade.

RAIO-X
CRIAÇÃO MÍNIMA: um a dois viveiros de 500 metros quadrados
CUSTO: cerca de R$ 300 o milheiro
RETORNO: com 12 meses de vida, atinge tamanho comercial
REPRODUÇÃO: por indução hormonal

MÃOS À OBRA
INÍCIO: A maioria está localizada nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul, mas não são muitos os criadores que fornecem piaus jovens. A maior oferta ocorre entre janeiro e março. Compre de 10 mil a 15 mil juvenis de 3 a 4 centímetros para cada hectare de lâmina d’água de viveiro. Em um ano de engorda, a despesca rende de 1.000 a 1.200 quilos de piaus. Em caso de uso de tanquesrede, são necessários 75 peixes por metro cúbico como densidade final.

AMBIENTE: De 20 ºC a 30 ºC é a temperatura ideal para o desenvolvimento dos piaus, embora eles apresentem boa tolerância a ambientes abaixo dos 20 ºC. Apesar de a água corrente não ser necessária, é bom disponibilizar uma renovação mínima de 10 litros por segundo por hectare de lâmina d’água para uma densidade de um a 1,5 peixe por metro quadrado. Caso seja possível fornecer oxigenação artificial com aeradores e mais água para renovação, a criação terá capacidade para densidades de até qautro a cinco peixes por metro quadrado.

VIVEIROS: Dê preferência para tanques escavados de 500 metros quadrados, nos quais o manejo de alimentação e a despesca são mais fáceis e os piaus podem comer os organismos que vivem no substrato do viveiro. Tanques-rede não dão acesso a esse tipo de alimentação, mas, se optar por essas instalações, certifique-se com o fabricante se a tela usada é resistente o bastante contra as mordidas dos piaus, que podem danificar as malhas com os dentes pequenos e afiados que possuem.

ALIMENTAÇÃO: Na natureza, alimentam-se de frutos, folhas, raízes, sementes, crustáceos, moluscos, insetos e outros peixes. Por serem onívoros, no cativeiro aceitam bem ração comercial com proteína bruta de cerca de 45% na fase inicial (da larvicultura até juvenil). Na engorda, use de 26% a 30% e, para manutenção, entre 20% e 22%. Durante o período de larvicultura, forneça de cinco a sete vezes por dia cerca de 10% a 15% da biomassa. Na fase juvenil, recomenda-se 10% de quatro a cinco vezes por dia. Para os peixes a partir de 20 centímetros, dê 3% da biomassa de duas a três vezes ao dia.

REPRODUÇÃO: Em cativeiro, a liberação dos gametas (óvulos e espermatozoides) é realizada por indução hormonal, pois os piaus precisam fazer a piracema para que os órgãos reprodutores amadureçam totalmente antes da desova. São duas aplicações de hormônio em fêmeas e machos a partir de 3 e 2 anos de idade, respectivamente. A aplicação nos machos é feita logo após a segunda dose dada às fêmeas. Uma sugestão é solicitar auxílio de um profissional ou criador mais experiente até obter prática no procedimento. O número de ovos depende do tamanho da mãe e da espécie escolhida.

 

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