História da Pesca – Molinete – Carretilha – Linhas de Pesca

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História da Pesca – Molinete – Carretilha – Linhas de Pesca

MOLINETE

História

Chamado de spinnig reel em inglês, o molinete deve seu nome à palavra moulinet, do francês que significa “pequeno moinho”, diminutivo da palavra “moulin” (moinho).

A origem francesa também é atribuída ao fato de o primeiro molinete comercializado ter origem na França. Apesar de notícias sobre carretel de bobina fixa de 1870 nos Estados Unidos, da marca Winans & Whistler (um carretel basculante), e mais tarde com a fabricação do Luxor Mastereel no final da década de 1930, o marco verdadeiramente significativo na introdução desse equipamento ocorreu em 1948 pela empresa Mitchell, na França (Pezon et Michel), com a produção do modelo 300.

Os primeiros modelos

Na sucessão dos Mitchell, apareceu uma variedade de marcas e modelos. Muitos já desapareceram mesmo consagrados, como os precisos molinetes italianos Alcedo Mícron (cobiçados por colecionadores), o Escualo argentino (projetado para longos arremessos e competições no mar), o Sagarra espanhol e os Sofi e Rocha portugueses (praticamente indestrutíveis e usados com varas de 4 metros em falésias de mais de 30 metros acima do nível do mar). Na atualidade, as marcas famosas como Shimano, Daiwa, Quantum, Ryobi, Mitchell e Shakespeare fornecem uma vasta gama de modelos para qualquer aplicação.

CARRETILHA

História

As primeiras carretilhas da história foram ilustradas na China, no ano de 1195. Na Inglaterra, elas surgiram por volta de 1650 e, na década de 1760, as lojas de pesca londrinas já anunciavam e comercializavam os primeiros modelos iniciais, denominados de ”multiplier reels” (carretilhas multiplicadoras). No entanto, o crédito pela invenção das primeiras carretilhas é atribuído a um norte-americano: George Snyder, do Kentucky, por volta de 1820.

Evolução

Diversos fabricantes, a maioria relojoeiros por profissão, como Jonathan F. Meekk, John Hardman e Benjamin Milan, foram responsáveis pelas evoluções tecnológicas das carretilhas no século 19. A empresa de Wisconsin Wheeler & McGregor foi a progenitora do sistema level wind (guia linha), um dos mais importantes dispositivos na prevenção contra as cabeleiras. Esse projeto continua sendo o padrão para a distribuição uniforme de linha no carretel.

LINHAS DE PESCA

História

Do pêlo de cavalo às superlinhas de multifilamento, o elo fundamental de ligação entre o pescador e o peixe passou por transformações surpreendentes – e definitivas.
Muitas da primeiras linhas de pesca eram fabricadas a partir de filamentos de seda ou pêlo de rabo de cavalo. A partir da década de 1850, entrou em cena o maquinário industrial para a fabricação da linha utilizando linho, seda e até algodão, com compostos impermeabilizantes aplicados no processo de manufatura.

Evolução

Projetadas para o uso com carretilhas e molinetes, as linhas modernas são praticamente todas fabricadas a partir de matérias-primas artificiais, incluindo náilon, polietileno, dacron, e dyneema spectra.

A mais comum e largamente empregada nas linhas é o monofilamento, composto por um único filamento, como a própria nomenclatura sugere. Outras alternativas, fabricadas a partir de copolímeros, fluorcarbonos ou mesmo uma combinação dos dois materiais, encontram-se em evidência até hoje. O fluorcarbono é particularmente apreciado por seu baixo índice refratário que se dissimula no meio aquático, ficando praticamente invisível aos peixes.

Existem também as linhas trançadas (braidede lines), cofilamentos e linhas fabricadas a partir da fusão térmica. São as “superlinhas”, cujo baixíssimo diâmetro, o índice de elasticidade quase zero e grande resistência em relação aos monofilamentos permitem a redução do tamanho dos equipamentos, mas exigem qualidade superior dos mesmos, face aos atritos infinitamente superiores àqueles ocasionados pelo uso dos monofilamentos de náilon.

Pêlo de Cavalo

Os pêlos de cauda de cavalo são praticamente os únicos com comprimento de fibras suficiente para tecelagem. É uma fibra protéica, com propriedades de dureza e rigidez suficientes para resistir à água e apta ao tingimento. Seu uso como linha de pesca é mais conhecido, ao longo da história, nos países da Europa e, principalmente, na Escandinávia.

O livro A Treatyse of Fly Fishing de autoria desconhecida e datado de 1496, descreve o processo o processo de fabricação e tingimento em detalhes. Tais pêlos de cauda de cavalo hoje são obsoletos para o uso em pescarias.

Seda

Relatos chineses datados do quarto século antes de Cristo referem-se ao uso de linhas de seda com varas de bambu, utilizando arroz cozido como isca. De acordo com a lenda, os chineses cultivavam a seda antes de 3000 a.C., no reinado do imperador Fo Xi. As exportações para o oeste iniciaram-se por volta de 200 a.C., com as rotas de caravanas que ligavam as grandes civilizações de Roma à China. A “Estrada da Seda” começava em Sian, no norte da China, ia até o mar, atravessando o Afeganistão e, de lá, até o Mediterrâneo, para então embarcar para os demais portos europeus.

Seu uso como linha de pesca iniciou-se em 1722 e tomou vulto em escala industrial no século 19. Até hoje, a seda é empregada como linha de pesca para os puristas da pesca com fly, sendo normalmente agregada a varas de bambu sextavado. Várias empresas de renome contam com linhas de seda para esse fim, mas entendemos que seu uso comercial na atualidade é extremamente limitado para os aficionados e puristas do fly fishing com varas “à moda antiga”.

O náilon

Inventado na década de 1930 pela indústria Dupont sob nomenclatura de Monopolímero Nylon 66, o náilon (nylon) continua até hoje como o principal componente na fabricação de linhas nas pescas comercial e esportiva. Esse material tem baixo custo, é forte, transparente e relativamente resistente à abrasão.

As linhas premium contêm revestimentos para resistir melhor à abrasão, endurecedores para aumentar a sensibilidade, amaciantes para facilitar os arremessos e tratamentos com lubrificantes para o ganho de distância. As linhas de hoje têm uma superfície mais uniforme e um perfil redondo.

Mais um passo adiante na evolução das linhas à base de náilon estão os copolímeros resultantes de reação química, em que duas ou mais moléculas contêm unidades estruturais repetitivas (dois ou mais monômetros resultam no copolímero). O resultado desse processo transforma-se num material com muito mais benefícios que um único monômero. A linha de copolímero é mais resistente à abrasão, contém menor índice de elasticidade, maior resistência à tração, ao impacto e ao choque, além de muitos outros benefícios. As linhas à base de náilon constituem dois terços do mercado de linhas mundial.

Dicas no uso do náilon

Orgulhosamente, o Brasil conta com uma indústria própria e pioneira na tecnologia do náilon. Fundada em 1953 a partir de tecnologia de origem suíça, a Mazzaferro foi uma das pioneiras mundiais na era do náilon e hoje exporta mundialmente. Já em 1959, realizava criteriosos testes de qualidade para assegurar ao consumidor a correta informação no rótulo de seus produtos. Na atualidade, testes dimensionais de resistência linear e ao nó são realizados a cada quatro horas em cada lote de produção, com equipamentos de altíssima precisão. Estes testes são realizados dez vezes em cada lote e são uma garantia de que cada linha e seu respectivo rótulo correspondem, à realidade. O que se lamenta é que linhas importadas com total impunidade apresentam especificações de forma a fazer conquistas comerciais.

Dacron

Esse material entrou em cena em meados da década de 1950, como linha para corrico oceânico, aplicação que ocupa até hoje, assim como a de linha de backing para a pesca de fly.

O dacron é um polímero de condensação obtido a partir do etileno glicol e do ácido tereftálico. Suas características incluem elevada resistência à ruptura e ao alongamento, tanto seco quanto molhado, mas com pouca resistência à abrasão. É uma fibra de poliéster de filamento contínuo e foi rapidamente substituído pelo náilon. Seu nicho no mercado de linhas é mínimo e suas aplicações limitados aos tipos de pesca acima citados.

Multifilamentos, as “superlinhas”

No início da década de 1990, as fibras aramídicas spectra, kevlar e dyneema entraram em cena, criando uma nova categoria de “superlinhas” ou microfilamentos. Essas fibras finas, sintéticas, dez vezes mais fortes que o aço, são compostas por fibras individuais, trançadas num processo moroso que resulta em linhas de alto custo.

Os pescadores que experimentaram as primeiras superlinhas ficaram frustrados com a baixa resistência ao nó, a ocorrência de cabeleiras, a coloração fraca e os equipamentos danificados.

O kevlar por exemplo, cujo uso como linha foi praticamente descontinuado, além de ter elevado custo, era tão abrasivo que formava sulcos nos passadores que não contivessem as melhores cerâmicas (carboneto de silício).

A Dyneema, marca registrada da DSM em 1979 na Holanda, e a Spectra, marca registrada da Honeywell, são praticamente o mesmo produto: uma fibra sintética baseada num polietileno de elevado peso molecular, 15 vezes mais forte que o aço e 40% mais forte que o Kevlar.

Na pesca vertical com jigs, essas linhas são indispensáveis, tendo praticamente substituído as linhas de náilon.
Desconfie de linhas ultrafinas com super-resistência. Fabricantes desonestos produzem linhas mais grosas do que a indicação do rótulo, e fazem aparentes “milagres” acontecerem.

Flúor carbono

O flúor carbono (ou fluorcarbono) é um polímero que se torna praticamente invisível debaixo d’água, pois contém um índice refratário de luz praticamente idêntico ao da própria água.

Por ser inerte, resiste a raios solares, gasolina, ácido de bateria e repelentes, além de não absorver água.

Os líderes de flúor carbono têm origem no Japão, onde os hábitos de apresentação das iscas do tipo finesse, de delicada apresentação, resultaram em seu uso. Muito resistente à abrasão, o flúor carbono é mais rígido que o náilon, mesmo molhado, e seu índice de elasticidade é bem menor. É um tempo de linha mundialmente difundido atualmente.

Não existe uma linha perfeita para todos os tipos de pesca. Considere cada situação e avalie se fatores como índice de ruptura, resistência à abrasão e elasticidade atendem à sua necessidade.

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