Demandas ambientais devem influenciar mercado de fertilizantes e defensivos, avalia Rabobank

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Pressão dos consumidores tem levado governos em todo o mundo a determinarem mudanças na produção de alimentos.

 

A demanda dos consumidores por uma produção de alimentos ambientalmente mais responsável deve ir além do campo e atingir outros elos da cadeia agrícola, como as indústrias de fertilizantes e defensivos. A avaliação é do analista de Insumos do banco holandês Rabobank, Matheus Almeida.

“O que deve guiar o produtor de insumos nos próximos anos é o consumidor final, que tem procurado agir cada vez mais dentro das suas cadeias de consumo, e ele (consumidor) tem apresentado alguns desafios ao setor”, explicou ele, em transmissão ao vivo feita pela instituição nas redes sociais, na quarta-feira (8/7).

Por isso, em meio às demandas de grupos organizados, governos em todo o mundo têm feito exigências para mudanças em práticas agrícolas. “Há uma pressão da sociedade por inovação e pela sustentabilidade. Por conta da tecnologia, é muito mais fácil um elo da cadeia estar em contato com outro, e isso deve facilitar o segmento a atender, de forma mais fácil, às demandas dos consumidores”, disse.

Matheus Almeida explicou que as empresas têm reduzido os investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Por isso, a tendência é que as companhias estejam mais atentas às novas tecnologias que viabilizam a redução de custo na formulação de novos produtos. “Há tecnologias que permitem reduzir o uso de alguns químicos, assim como os biológicos, que permitem substituir alguns fungicidas e inseticidas”, pontuou.

O analista acredita que demandas específicas, como a substituição de herbicidas à base de glifosato, são factíveis. “Na França, eles conseguiriam substituir 90% do uso do glifosato por técnicas que já são existentes. A gente tem uma ideia de que nenhum produto é invencível e pode ser abandonado, caso o consumidor queira”, avaliou.

Isso deve levar a indústria a repensar o desenvolvimento de novas fórmulas, já que o tempo da implementação de uma nova molécula pode chegar a 10 anos, com investimentos em torno de US$ 200 milhões. “Há questionamentos sobre um produto que vai ficar pronto em 10 anos, e que pode atingir o seu ponto de maturidade em 15 ou 20 anos”, pontuou.

Margens mais apertadas

Outro fator a ser considerado pela indústria de insumos e os produtores no médio e longo prazo é a queda no preços de commodities nos últimos anos – diferente dos anos 2000, quando os produtos utilizados como matéria-prima registraram grande salto, gerando margens maiores para a agricultura voltada para a exportação.

A tendência nas propriedades rurais deve ser pela busca de redução de custos. “Os preços das commodities estão muito baixos, principalmente na comparação à última década, e também há um custo de produção elevado. O produtor vai tentar resolver o seu gasto com defensivo, sementes, biotecnologia, com fertilizantes, seja com preço ou redução do uso aliado à eficiência”, pontuou Almeida.

O entendimento é de que a pandemia do coronavírus não afetou a produção e a distribuição de fertilizantes e defensivos em países chave para o setor, como a China, onde surgiram os primeiros casos da doença e a as atividades econômicas começaram a ser paralisadas.

Caso houvesse um problema no funcionamento da cadeia em países como China e Marrocos, no caso dos fosfatados, e no Canadá e Rússia, para os fertilizantes derivados de cloreto de potássio (KCl), o fornecimento para grandes centros produtores de alimentos poderia ser negativamente impactado. Com a redução da produção chinresa nos últimos anos e custos de produção crescente, a tendência é ter margens mais apertadas nesse mercado “por um certo tempo”.

“Tem um programa ambiental que vem impondo restrições de produção e da atividade da indústria química, isso tem afetado a produção”, disse Almeida. “A China é um produtor marginal. Então, quando eles começaram a reduzir a produção em 2017 e 2018, isso trouxe uma grande elevação dos preços. Mas, a gente também viu a diversificação de produção em outras regiões”, completou o analista do Rabobank.

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