Como criar lhama

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O animal exótico, originário da Cordilheira dos Andes, se adapta bem às mais diversas condições do território nacional.

 

Força é uma de suas principais características, mas o lhama tem ainda muitas outras vantagens que fazem dele uma alternativa de criação rentável para interessados na atividade. O mamífero oferece carne macia e saudável, lã e couro de qualidade, além de ser útil no turismo rural, devido ao seu exotismo. Dócil, o contato com as pessoas é amigável, inclusive permitindo a monta, como em seu primo camelo.

Há quem crie lhama como animal ornamental e até de estimação, pois a espécie, pertencente à família dos camelídeos, tem temperamento calmo, o que permite que seja facilmente manejado. Além disso, não faz barulho e mantém-se asseado se bem cuidado, embora solte cusparadas quando se sente ameaçado. Apesar de alguns já terem sido vistos passeando com os donos em cidades, a modalidade pet para o lhama ainda não é muito comum por aqui.

No entanto, o criador tem boas chances de obter lucro com as vendas de exemplares para fazendas, chácaras, pousadas, hotéis-fazenda, centros de eventos, parques e outros espaços públicos. Adaptado ao clima quente e frio, o mamífero rústico tem possibilidade de viver bem em todo o território nacional.

De pelagem lanosa e longa, o lhama aparenta não gostar do calor. Porém, em seu hábitat natural, nas Cordilheiras dos Andes, mais precisamente do sul do Peru ao noroeste argentino, seus antepassados sempre enfrentaram temperaturas altas durante o dia e muito baixas à noite. Há mais de quatro milênios, eram usados para o transporte de carga pelo povo inca.

A lã, aliás, é um produto que tem utilidade como matéria-prima para a confecção de vestimentas para o inverno, como gorros, blusas e ponches – capa quadrangular para ser apoiada nos ombros, com abertura no centro para a passagem da cabeça do usuário. Entre as cores mais comuns da lã estão marrom, preto, branco e, mais raro, o castanho-avermelhado, que conferiu ao lhama a alcunha de carneiro vermelho.

O couro do lhama também é insumo para a produção de acessórios de vestuário. No caso de manejo para abate, o animal oferece carne para atender à demanda de restaurantes e churrascarias que têm em seus cardápios alimentos exóticos.

Pouco conhecida por aqui, não faz muito tempo que a criação de lhama vem sendo praticada pelo produtor brasileiro. Dadas as características do mamífero, a atividade adequa-se a pequenas áreas e não exige investimentos elevados. Mas vale lembrar que é necessário assegurar que o local tenha espaço onde o animal possa pastar e caminhar.

Animais adultos medem entre 1,4 metro e 2,4 metros de comprimento e de 75 centímetros a 1,2 metro de altura. Considerado de porte médio, o peso, contudo, varia de 150 a 200 quilos. O lhama vive, em média, 24 anos.

Raio-x

Criação mínima >>> um macho e duas fêmeas
Custo >>> total de R$ 20 mil, sendo R$ 4 mil o preço médio de cada animal e R$ 8 mil para as instalações, plantios e capital de giro
Retorno >>> 36 meses
Reprodução >>> um filhote por ano

Mãos à obra

>>> INÍCIO A recomendação é adquirir animais jovens com até três anos de vida, que, em geral, são vendidos a preços mais baratos do que os adultos. Filhotes são, normalmente, colocados à venda após completarem seis meses. Em lote, a aquisição também tem custo menor em relação à compra de exemplares individuais. Cada fêmea, por exemplo, pode ter valor 20% maior do que o de um macho. Verifique o estado de saúde dos lhamas e, para a criação não ter problemas com efeitos de consaguinidade, recuse quando forem da mesma família.
>>> AMBIENTE O lhama tem capacidade para se adaptar a climas variados, inclusive em locais com oscilações de temperatura extrema em um mesmo dia. Dada sua rusticidade, não tem restrições quanto a terrenos acidentados, com inclinações ou úmidos, porém, uma parte da área, pelo menos, deve ser seca.
>>> PIQUETES Como gosta de pastar e precisa de espaço para se exercitar, é bom contar no local com um cercado de, no mínimo, 100 por 50 metros. O ideal é de 1 hectare. Use tela, arame e mourões a uma altura de 1,6 metro. Instale ainda um abrigo para proteção dos animais e, dentro, acomode um bebedouro, um comedouro e um cocho para arraçoamento e sal.
>>> ALIMENTAÇÃO Pode ser produzida na propriedade. Capim, cana-de-açúcar, silagem, feno e outras forragens, incluindo leguminosas, são o que o lhama gosta de comer, por ser um animal ruminante. Complemente com ração para bovinos ou equinos e ofereça sal mineral à vontade em cocho separado. Ao se tornar adulto, o lhama dobra o consumo diário de ração para 1,5 quilo.
>>> TOSQUIA Para colher a lã e/ou para o bem-estar do animal, deve-se tosar o plantel adulto. Faça o tosquiamento no início da estação das chuvas, sobretudo em regiões onde as temperaturas são mais altas. Mantenha, no entanto, os pelos dos animais que forem usados para sela, pratica realizada nos machos.
>>> CUIDADOS Deve-se aplicar vermífugos nos animais de três em três meses. Utilize o mesmo medicamento em versão de pasta adotado para equinos. No caso de ocorrência de parasitas, como carrapatos e bernes, o controle deve ser feito com produtos para bovinos. Vacinas usadas em ovinos e contra a febre aftosa são outros tratamentos importantes do manejo de lhama.
>>> REPRODUÇÃO Tem como melhor período entre outubro e dezembro, mas somente depois de a fêmea completar dois anos de vida. Também é indicado que o animal esteja acima de 150 quilos para procriar. Cada gestação, que ocorre ao longo de oito meses, é de um filhote, que mama por seis meses.

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