Como criar capivara

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Rústico e resistente a doenças, o roedor tem fácil adaptação à vida em cativeiro e pode gerar lucros com produção de carne, couro e gordura.

 

Há pouco mais de uma década, as carnes exóticas eram uma novidade encontrada especialmente em restaurantes mais refinados dos grandes centros urbanos. Em alguns anos, a proteína animal alternativa tornou-se mais fácil de ser comprada até no varejo, embora ainda não esteja disponível em todos os açougues e cidades do país. Entre as que ganham espaço nos pratos dos brasileiros, a carne de capivara é uma das que mais têm se popularizado por aqui, a ponto de o pequeno número de criadores comerciais autorizados não dar conta do abastecimento regular do mercado.

Como se adapta bem à vida em cativeiro e é fácil de reproduzir, além da boa aceitação pelo consumidor, a capivara pode render lucros a quem se dispõe a criá-la. Rústica, resistente a doenças e sem muitas exigências para o manejo, pode ser abatida até os 18 meses de vida, embora entre 10 a 12 meses seja o período em que apresenta carne magra e macia, mais valorizada pela indústria e o varejo. Paleta, lombo e pernil são alguns dos cortes preferidos da carne do animal, que também é excelente fonte de vitaminas do complexo B e tido como iguaria nativa de sabor diferenciado pelos chefs de cozinha.

Dotado de características adequadas para a fabricação de artefatos, o couro elástico, resistente e suave da capivara também é excelente matéria-prima para a produção de cintos, sapatos e luvas. O material também tem boa demanda para a confecção de acessórios específicos para jogos de golfe e beisebol, esportes mais populares no exterior, onde o insumo é pago a preços mais atraentes. A gordura é outro subproduto do animal, pois dela é possível extrair um óleo que tem utilidade na industrialização de produtos farmacêuticos e de cosméticos.

Simples, as instalações para criar capivaras têm custo de implantação baixo, e os criadores podem aproveitar espaços já existentes na propriedade. A atividade pode ser consorciada com criações de gado, peixes e aves aquáticas, além de emas e galinhas. A engorda das capivaras segue um cronograma com cuidados necessários para cada fase de vida até atingir o peso de abate, em torno de 35 a 40 quilos. O preço pago pelo abatedouro ao criador varia de R$ 10 a R$ 12 o quilo vivo.

Roedor herbívoro fácil de lidar, a capivara tem porte médio, com 1,30 metro de comprimento e altura que pode variar de 0,50 a 0,60 metro. Em média, a fêmea pesa 50 quilos, enquanto o macho pode chegar a 60 quilos. Há exemplares, no entanto, que chegam a 100 quilos. Com habilidade para nadar e saltar, a capivara é mais ativa nas primeiras horas do dia e no fim da tarde, marca território e tem o hábito de viver em grupos, respeitando posições hierárquicas.

capivara_como_criar (Foto:  )

RAIO X
>>> CRIAÇÃO MÍNIMA: 
uma família composta de 5 a 8 fêmeas e um macho
>>> CUSTO: R$ 600 é o preço médio de cada animal
>>> RETORNO: de 24 a 30 meses
>>> REPRODUÇÃO: de 2 a 6 filhotes por parto, que ocorre a cada 8 meses

MÃOS À OBRA
>>> INÍCIO 
As capivaras podem ser compradas de criadores ou capturadas na natureza, alternativa que reduz o investimento e é um meio legal e ecológico para diminuir os prejuízos em locais onde há superpopulações do animal. Antes, porém, é preciso ter as instalações prontas e a autorização do órgão responsável pela gestão da fauna no Estado, ou do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Também é necessária a aprovação do projeto de criação, o qual deve ser assinado por um profissional da área e responsável técnico pelo criadouro.
>>> AMBIENTE Locais calmos são mais indicados para a criação, pois os animais podem se estressar facilmente. Escolha uma área de cerrado ou capoeira com pouca movimentação nos arredores e adote cercas vivas, ou árvores frutíferas, no entorno para o isolamento da atividade. É necessário contar com aguada ou tanque, correspondente a 20% da área do piquete, com rampa no lado interno, sendo as margens com 40 centímetros de profundidade e o centro com 1,5 metro.
>>> PIQUETES Podem variar de 50 x 50 metros a 100 x 100 metros para uma família de até 15 fêmeas e dois machos. Use cercas com mourões de madeira ou concreto de 1,60 metro de altura e distantes 3 metros entre si. Feche com tela de arame galvanizado número 14 e malha de 5 centímetros até o primeiro metro. Na parte de cima, passe quatro fios de arame farpado e na base reforce para evitar fugas das capivaras e acessos de invasores. Cada piquete deve ter um brete para alimentação, com 12 x 6 metros, dotado de dois cochos cobertos e um corredor até uma gaiola de contenção.
>>> CUIDADOS Em cativeiro, é possível controlar a incidência do carrapato estrela com aplicação de carrapaticidas para bovinos. Recomenda-se também o uso de vermífugos duas vezes ao ano. Transmissor da febre maculosa, doença perigosa para a saúde de animais e humanos, o ácaro é mais comum em capivaras que vivem na natureza.
>>> ALIMENTAÇÃO Como são herbívoras, a alimentação é a base de vegetais. Capins, como o elefante, brachiária e colonião, ao lado da cana, milho, mandioca e leguminosas, são as refeições preferidas. Cada animal come de 3 a 5 quilos por dia, de acordo com seu peso. Ofereça sal mineral à vontade nos cochos do brete.
>>> REPRODUÇÃO Ocorre a partir de um ano de vida, quando as capivaras atingem peso de 30 a 40 quilos, e vai até completarem 10 anos. A cada oito meses a capivara dá à luz uma vez, após quatro meses de gestação. Para o parto, a fêmea se isola em um lugar onde faz o ninho com capim e folhas e cria os filhotes durante dois a três dias. Em três meses, ocorre o desmame e os animais são transferidos para outro piquete, iniciando a fase de recria.

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