Agricultores argentinos anunciam greve após governo aumentar imposto para soja

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Medida começa na próxima segunda-feira e, segundo entidades rurais, vai ter duração de quatro dias

Depois de 13 anos da histórica paralisação da comercialização do setor agropecuário ocorrida em 2007, os produtores rurais argentinos voltarão ao locaute para protestar novamente contra o aumento da alíquota da retenção de soja. A medida de força será por quatro dias a partir da próxima segunda-feira (9/3).

A decisão já vinha sendo cogitada há cerca de 15 dias, quando surgiram os boatos sobre o novo aumento, e se consolidou nesta quinta-feira (5/3), após publicação no Boletim Oficial, equivalente ao Diário Oficial, da alta de 30 para 33%. A medida prevê taxa de 21% a 30%  para os pequenos produtores.

A greve foi decidida em conjunto por Sociedade Rural Argentina (SRA), Confederações Rurais Argentinas (CRA), Federação Agrária Argentina (FAA) e Confederação Intercooperativa Agropecuária (Coninagro), agrupadas na denominada Mesa de Enlace.

A proposta foi anunciada pela CRA, em longo comunicado. O texto fez alusão ao conflito iniciado pela gestão de Cristina Kirchner em seu primeiro mandato, em 2007. Naquela ocasião, o governo apontou o setor como inimigo do país e do povo e houve uma profunda divisão na sociedade entre quem era contra ou a favor dos produtores rurais.

“Se as medidas tomadas são empurradas por um espírito arrecadador, tenham em conta que é um jogo de soma zero no curto prazo. Se são empurradas por um espírito ideológico, então, nos vemos nas estradas”

 

“Uma vez mais os produtores agropecuários de todo o país serão obrigados a tomar medidas em defesa da condição mais dignificante da alma e do homem, nosso trabalho”, completou a nota da CRA, que deu o impulso para o locaute.

Busca por unanimidade

Apesar disso, não havia unanimidade na Mesa de Enlace sobre o endurecimento. A Federação Agrária, que representa os pequenos produtores, estava disposta a estudar a proposta oficial feita pelo ministro de Agricultura, Luis Basterra, na terça-feira.

O governo tentou dividir a mesa com uma proposta que inclui a aplicação de alíquotas variadas conforme o tamanho da produção a partir de 100 toneladas até 1 mil toneladas, com imposto de entre 21% a 30%. Segundo o Ministério de Agricultura, essa escala envolveria 42 mil produtores (mais de 70% dos produtores). Quem produz acima disso pagará 33%.

A Sociedade Rural também preferia continuar negociando com o governo em uma tentativa de baixar o valor da alíquota. Porém, diferentes agrupações de produtores do interior do país pressionam os representantes das entidades para endurecer a posição com o governo.

“Eles querem ganhar sempre”

Um fator decisivo foi que, em dezembro, o presidente Alberto Fernández já havia elevado em dezembro a taxa da soja de 18% para 27%. No mesmo decreto, ele fixou a tarifa de 12% para exportações de grãos, 9% para as de carne, farinha de trigo e outros alimentos.

Os líderes rurais afirmam que as retenções vao reduzir a produção porque a pressão tributária já é sufocante. Na nota da CRA, a entidade recordou que, quando as retenções foram eliminadas, durante o governo do ex-presidente Mauricio Macri, o setor respondeu com safra recorde.

Fonte da Casa Rosada afirmou que Fernández reagiu com firmeza à notícia da greve. “Já negociamos, mas eles querem ganhar sempre”, disse o presidente. A fonte indicou ainda que o governo não pretende voltar á mesa de negociação nem retroceder com a medida já adotada.

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