Sistema de Produção de Amendoim
Manejo de plantas daninhas
O manejo integrado de plantas daninhas na cultura do amendoim deve visar não somente a maior produtividade da cultura, mas também a conservação do solo e a preservação do seu potencial produtivo. Nem sempre a eliminação total das plantas daninhas significa o lucro máximo, pois o investimento requerido para altos percentuais de controle pode trazer menor retorno. Por isso, deve-se analisar caso por caso a relação custo de controle versus benefício. Além disso, a presença de plantas daninhas no momento da colheita dificulta o arranquio e inversão das plantas, a secagem/cura do amendoim no campo, o que pode ocasionar a contaminação por aflatoxinas. Os principais métodos de controle de plantas daninhas são descritos a seguir.
Controle cultural
Respeitadas as exigências culturais de cada cultivar, recomenda-se buscar o mais rápido fechamento das entrelinhas, para possibilitar maior sombreamento do solo reduzindo o crescimento das plantas daninhas. A rotação de culturas também deve ser uma prática adotada, pois além de suas múltiplas vantagens, impede a seleção natural de certas espécies de plantas daninhas, que são controladas pela aplicação de herbicidas nas culturas de rotação. Vale ressaltar que o controle cultural apenas reduz a incidência de plantas daninhas e deve ser utilizado juntamente com outros métodos de controle para que a produtividade da cultura não seja prejudicada.
Controle mecânico
O controle mecânico das plantas daninhas pode ser feito com uso de enxada ou cultivador à tração animal ou mecânica na entrelinha da cultura. Quando se utiliza o cultivador na entrelinha da cultura, normalmente é necessário o retoque com enxada para eliminação das plantas daninhas dentro das linhas de plantio. Quando se utiliza o cultivador mecânico, usam-se preferencialmente ponteiros do tipo “asa-de-andorinha”, pois, esse modelo apresenta a vantagem de efetuar uma capina superficial, sem remover grande quantidade de solo, e sem formar sulcos profundos nas entrelinhas, evitando-se danos ao sistema radicular da cultura. Para que não ocorra redução na produtividade da cultura, é necessário mantê-la sem a interferência das plantas daninhas no período compreendido entre 10 e 60 dias após a emergência, dependendo da cultivar e das espécies infestantes.
Controle químico
Atualmente o controle químico das plantas daninhas é o método mais utilizado principalmente entre os médios e grandes produtores. Quando empregados corretamente, respondem com eficiência e segurança aos objetivos visados. Caso contrário, poderão causar sérios prejuízos não somente à cultura, como também ao homem e ao meio ambiente. Para se obter máxima eficiência com o controle químico de plantas daninhas, é fundamental que o equipamento de aplicação esteja em perfeitas condições de uso, sem vazamentos, com bicos apresentando vazão uniforme, além de estar adequadamente regulado e calibrado. Nas Tabelas 1 e 2 são apresentados os herbicidas bem como as principais plantas daninhas controladas e a dose recomendada. Na Tabela 3, são apresentados os produtos comerciais e suas respectivas doses registradas para a cultura do amendoim no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento.
Tabela 1. Herbicidas recomendados para o controle de espécies de plantas daninhas gramíneas na cultura do amendoim.
Nome comum | Nome científico | Trifluralinn | Pendimethalin | Alachor | Imazapic | Quizalofop | Bentazon |
Braquiária | Brachiaria decumbens | – | – | – | X | – | – |
Capim-marmelada | Brachiaria plantaginea | X | X | X | X | X | – |
Capim-colchão | Digitaria horizontalis | X | X | X | X | X | – |
Capim-colchão | Digitaria sanguinalis | X | X | X | – | – | – |
Capim-colonião | Panicum maximum | X | X | X | X | – | – |
Capim-pé-de-galinha | Eleusine indica | X | X | X | X | X | – |
Capim-massambará | Sorghum halepense | X | X | – | – | – | – |
Capim-amoroso | Cenchrus echinatus | X | X | – | – | – | – |
Capim-rabo-de-raposa | Setaria geniculata | – | X | X | – | – | – |
Capim-custódio | Pennisetum setosum | X | – | – | – | – | – |
Capim-arroz | Echinochloa crusgalli | X | X | X | – | – | – |
Capim-arroz | Echinochloa cruspavonis | – | X | – | – | – | – |
Capim-arroz | Echinochloa colona | X | – | X | – | – | – |
Capim-pelego | Ischaemum rugosum | – | X | – | – | – | – |
Trigo-mourisco | Fagopyrum esculentum | – | – | – | – | – | X |
Fonte: Agrofit.
Tabela 2. Herbicidas recomendados para o controle de espécies de plantas daninhas eudicotiledôneas na cultura do amendoim.
Nome comum | Nome científico | Trifluralinn | Pendimethalin | Alachor | Imazapic | Quizalofop | Bentazon |
Caruru | Amaranthus retroflexus | X | X | X | X | – | – |
Caruru-de-mancha | Amaranthus viridis | X | X | X | – | – | – |
Caruru-branco | Amaranthus hybridus | X | – | X | – | – | – |
Corda-de-viola | Ipomoea aristolochiaefolia | – | – | – | X | – | – |
Falsa-serralha | Emilia sonchifolia | – | – | – | X | – | – |
Serralha | Sonchus oleraceus | – | X | – | – | – | – |
Guanxuma | Sida rhombifolia | – | – | X | X | – | – |
Picão-preto | Bidens pilosa | – | – | X | X | – | X |
Anileira | Indigofera hirsuta | – | – | – | X | – | – |
Apaga-fogo | Alternanthera tenella | – | X | – | X | – | – |
Beldroega | Porulaca oleracea | X | X | X | X | – | X |
Figueira-do-inferno | Datura stramonium | – | – | – | – | – | X |
Mostarda | Brassica rapa | – | – | – | – | – | X |
Carrapicho-de-carneiro | Acanthospermum hispidum | – | – | – | – | – | X |
Carrapicho-rasteiro | Acanthospermum australe | – | – | – | – | – | X |
Carrapicho-bravo | Xanthium cavanillesii | – | – | – | – | – | X |
Botão-de-ouro | Galinsoga parviflora | – | – | X | – | – | X |
Cipó-de-veado | Polygonum convolvulus | – | – | – | – | – | X |
Nabiça | Raphanus raphanistrum | – | – | – | – | – | X |
Cravo-de-defunto | Tagetes minuta | – | – | – | – | – | X |
Gorga | Spergula arvensis | X | – | – | – | – | – |
Alfinete | Silene gallica | X | – | – | – | – | – |
Trapoeraba | Commelina benghalensis | – | – | X | – | – | – |
Maria-pretinha | Solanum americanum | – | – | X | – | – | – |
Poaia-branca | Richardia brasiliensis | – | – | X | – | – | – |
Fonte: Agrofit.
Tabela 3. Herbicidas seletivos registrados no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) para o controle de plantas daninhas na cultura do amendoim.
Nome comum | Produto comercial | Conc. (g/L ou kg) |
Dose (kg ou L/ha) |
Época de aplicação | Carência (dias) | Mecanismo de ação |
1Trifluralin | Novolate | 600 | 0,9-1,5 | PPI | n/d | Inibidor da polimerização da tubulina |
Novolate | 600 | 3,0-4,0 | PRE | |||
Premerlin 600 CE | 600 | 0,9-2,0 | PPI | |||
Premerlin 600 CE | 600 | 3,0-4,0 | PRE | |||
Trifluralina Milenia | 445 | 1,5-2,0 | PPI | |||
Trifluralina Nortox | 445 | 1,2-2,4 | PPI | |||
Trifluralina Sanachem 445 CE | 445 | 1,2-2,4 | PPI | |||
Tritac | 480 | 1,5-2,0 | PPI | |||
1Pendimethalin | Herbadox | 500 | 1,5-3,0 | PPI/PRE | n/d | Inibidor da polimerização da tubulina |
Herbadox 400 EC | 400 | 2,0-4,0 | PPI | |||
2Alachlor | Laço EC | 480 | 5-7 | PRE | n/d | Inibidor da parte aérea |
Alaclor Nortox | 480 | 5-7 | PRE | |||
3Imazapic | Plateau | 700 | 0,14 | PRE e POS | 70 | Inibidor da ALS |
4Quizalofop | Targa 50 EC | 50 | 1,5-2,0 | POS | 15 | Inibidor da ACCase |
5Bentazon | Banir | 480 | 1,5-2,5 | POS | 90 | Inibidor de FS |
1As maiores doses devem ser utilizadas em solo argiloso e com alto teor de matéria orgânica e as menores em solo arenoso e com baixo teor de matéria orgânica.
2Usar 5,0 L/ha para solos arenosos, 6,0 L/ha para solos médios e 7,0 Lha para solos argilosos. Em solos com mais de 5% de matéria orgânica, utilizar a dose de 7,0 L/ha independentemente do teor de argila.
3Em aplicação de pós emergência, recomenda-se a adição de 0,25% v/v de surfactante não iônico à calda de pulverização.
4O controle deverá ser feito quando as plantas daninhas apresentarem no máximo 4 perfilhos.
5Usar 1,5 L/ha nas plantas daninhas com 2 a 4 folhas, 2,0 L/ha no estágio de 4 a 6 folhas e 2,5 L/ha para controle de carurus, carrapicho-rasteiro e beldroega.
n/d = não determinada.
Fonte: Agrofit.
Os herbicidas utilizados na cultura do amendoim podem ser aplicados nas modalidades de aplicação descritas abaixo.
Herbicidas de pré-plantio incorporado (PPI)
Os herbicidas de pré-plantio incorporado são aplicados antes da semeadura do amendoim, pois são produtos que, por suas características físico-químicas, necessitam ser incorporados mecanicamente ao solo, evitando-se, com isso, redução em sua eficiência agronômica. A incorporação deverá ser realizada logo após a aplicação, usando-se grade niveladora de discos, regulada para trabalhar numa profundidade de 10 cm a 15 cm.
Herbicidas de pré-emergência (PRÉ)
Os herbicidas de pré-emergência são aqueles aplicados após a semeadura do amendoim. Por ocasião da aplicação, o solo deve apresentar-se com umidade e destorroado, para que ocorra uma perfeita distribuição do herbicida na sua superfície. Para proporcionar um controle eficiente das plantas daninhas com herbicidas residuais de solo que não apresentam atividade em pós-emergência, recomenda-se efetuar a semeadura, seguida da aplicação dos produtos, imediatamente após a última gradagem, evitando a emergência das plantas daninhas antes da aplicação do herbicida.
Herbicidas de pós-emergência (PÓS)
Uma característica importante desses herbicidas é a sua seletividade à cultura, pois a aplicação é realizada após a emergência das plantas daninhas e da cultura. Para obtenção de melhores resultados, é necessária a observação de alguns fatores importantes, tais como as condições climáticas por ocasião da aplicação e o estágio de desenvolvimento das plantas daninhas.
Em condições de estresse biológico das plantas daninhas, deve-se evitar a aplicação de herbicidas de pós-emergência, pelo fato das mesmas não se encontrarem em plena atividade fisiológica e, assim, a atuação do herbicida pode ficar prejudicada. Os estágios iniciais de desenvolvimento das plantas daninhas (entre duas e quatro folhas) são os mais susceptíveis à ação dos herbicidas de pós-emergência e, portanto, devem ser as épocas preferenciais de aplicação (Figura 1).
Foto: Taís de Moraes Falleiro Suassuna
Figura 1. Controle de plantas daninhas com herbicida pós-emergente, em lavoura de amendoim. Mogeiro, PB., 2008.
Manejo da resistência de plantas daninhas a herbicidas
O uso continuado de herbicidas com o mesmo mecanismo de ação pode contribuir para o aumento de população de plantas daninhas a ele resistentes. Como prática de manejo e resistência de plantas daninhas, deverão ser aplicados herbicidas com diferentes mecanismos de ação, devidamente registrados para a cultura. Não havendo produtos alternativos, recomenda-se a rotação de culturas que possibilite o uso de herbicidas com diferentes mecanismos de ação.
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